Ciro parte para tira-teima com Lula

O ex-presidente Lula e o ex-governador Ciro Gomes, ambos postulantes à cadeira presidencial

Ciro Gomes foi estrela nas preliminares desta sucessão presidencial. Apresentou-se como um craque maduro que, mesmo tendo a meia esquerda como referência, saberia igualmente jogar em posições no centro, na direita e na esquerda. Mas, como em outras competições, sentiu-se favorito antes da hora e acabou tropeçando em si mesmo. A queda foi abrupta.

Suas apostas ao centro e à direita evaporaram. Depois do tombo, elas pareceram apenas uma ilusão. Na realidade serviram como um blefe mútuo. À turma do Centrão o interesse era se cacifar para conseguir concessões inéditas dos tucanos. A Ciro Gomes facilitava a atração de tradicionais parceiros do PT.

Essa montanha russa pôs ordem no centro e na direita tradicionais. Isolou Jair Bolsonaro como voz solitária na extrema-direita – o problema é como reverter o apoio de eleitores que ele mantém país afora. Não parece uma tarefa fácil.

A esquerda continuou na berlinda. Lula adorou. Mesmo barrado por ser ficha suja, inquilino numa cela da Polícia Federal, ele ficou mais à vontade porque o jogo ficou inteiro no seu campo. Partiu para o ataque. Com a ajuda do PC do B, guia o PT na tentativa de atrair o PSB e tirar Ciro do páreo.

Nesse jogo jogado, as cartas vão ser postas na mesa na quarta-feira (1) de agosto. Os partidos ditos de esquerda vão ter uma derradeira reunião em busca de um acordo. Na realidade, quem está estimulando esse esticar de corda é a turma de Lula, na expectativa de que nada ali se resolva.

O impasse na esquerda é a vitória da estratégia do PT manter apenas Lula na vitrine.

Ciro sabe disso. E resolveu ir à luta. Nessa sexta-feira (27), ele engrossou a voz. Ciro acusou o PT de fazer o “país dançar à beira de um abismo”. Insistir na candidatura Lula é enganar o eleitor, fraudar sua vontade, “um grande teatro para comover o povo brasileiro e lá na véspera da eleição o Lula eleger outro presidente por procuração”.

Se Ciro conseguir a aliança com o PSB, mesmo sem o apoio algumas seções regionais importantes, ele abre o caminho para virar o jogo no campo das esquerdas.

Aí será Lula que terá de que correr contra o prejuízo.

A conferir.

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