Chegou a hora da verdade para Aécio Neves, aliados e adversários

Senador Aécio Neves
Senador Aécio Neves

Pelo que ouço de investigadores, nos próximos dias Aécio Neves vai para a ribalta da Lava Jato. Por seu desempenho em Minas Gerais e em Brasília.

A conferir.

O fato é que nos bastidores e, mais recentemente, no palco, Aécio Neves se faz porta-voz de uma narrativa para diferenciar quem se beneficiou de maneira diferente do dinheiro empresarial investido na política.

Não importa se a origem dele é limpa ou suja.

Uns teriam usado a grana apenas para se eleger e outros, também, para enriquecer.

O que prega Aécio, em uma tese consensual entre as principais lideranças políticas, é que, a exemplo da parábola bíblica, é preciso separar o joio do trigo.

Quem seguiu a regra do jogo eleitoral, recebeu dinheiro por baixo dos panos, se não houver provas de que tenha retribuído o favor com benesses públicas ou embolsado parte da grana, mereceria penalidade menor.

Talvez nenhuma punição.

Se os tribunais andam entendendo de maneira diferente, seria o caso da Câmara e do Senado, com a sanção presidencial, deixar isso explícito, e anular o avanço na Justiça ao abrir uma brecha contra a eterna impunidade dos poderosos.

É a tal anistia ao Caixa Dois. Ou coisa parecida.

Ano passado, a gente assistiu essa série no Congresso, sempre com capítulos surpresas, e episódios na calada da noite.

A diferença agora é que atores ocultos entraram em cena.

Um deles é o próprio Aécio Neves.

Outro é Rodrigo Maia, que presidiu a sessão noturna em que o pacote de medidas proposto pelo Ministério Público, com o apoio da população, virou um monstrengo.

Ambos agora estão no palco.

Em entrevista à repórter Júnia Gama, publicada no jornal O Globo, Rodrigo Maia expôs a nova estratégia:

“Essa discussão tem que ser transparente, tem que apresentar antes qual texto será votado, não enganar a sociedade sobre o que se pretende fazer. Debatendo de forma clara não fica parecendo algo pior do que é na realidade”.

Perfeito, Rodrigo.

Sua declaração pode ser lida como uma autocrítica das manobras sob o seu comando para aprovar, por baixo dos panos, uma absurda represália por não terem conseguido votar uma anistia para si próprios.

Reconhece também que o mérito da proposta é no mínimo duvidoso.

Não há outra leitura para “não fica parecendo algo pior do que na realidade”.

Eles queriam mais, uma anistia ampla, geral e irrestrita para quem se lambuzou no dinheiro sujo do Caixa Dois.

Como não conseguiram, pedem agora uma gradação das penas.

Aécio Neves, Rodrigo Maia, Lula, Dilma Rousseff e a elite política brasileira de todos os naipes com certeza sabem agora o valor do pedágio para terem chegado aonde chegaram.

Antes até podiam alegar que não haviam entendido direito. Distribuir responsabilidades e culpas.

A Lava Jato pôs tudo e todos a nu.

Ainda não ouvi sequer um pedido de desculpa de nenhum deles.

Sempre é tempo.

Deixe seu comentário