Tudo o que está ruim ainda pode piorar. Essa é a mensagem que, a cada dia, o governo Bolsonaro insiste em transmitir à população. É uma sistemática aposta burra no que vem seguidamente dando errado. O mais insano é que faz esse jogo macabro acreditando que vai ganhar votos com isso.
Nessa tacanha estratégia eleitoral, Bolsonaro faz arriscada aposta nos sacrificados setores do comércio e de serviços como suposto contraponto para escapar de sua responsabilidade no crescente morticínio da pandemia. Tudo para ele se resume a uma contabilidade de ganho e perda de votos. Pelo andar da carruagem, tem tudo para dar errado.
Não dá para sempre pôr a culpa nos outros pelos seus próprios erros. Pior. Com todos os fiascos dessa gestão federal na pandemia, insistir na balela de que faz tudo, em pleno caos do sistema de saúde em todo o país, soa como escárnio. É o que o país assiste atônito com o tour do general Pazuello, despedido por incompetência, com seu sucessor Marcelo Queiroga, em que se apresenta como gestor de uma competente administração do Ministério da Saúde na pandemia.
Pazuello parece acometido do mesmo delírio do seu chefe Bolsonaro. Até se releva fracasso de alguém que tenta reduzir o prejuízo de seus próprios erros. Pode ser o caso desse inacreditável general de fancaria, que chegou lá aclamado como um craque em logística no Norte do país e perdeu o emprego depois de, entre outras trapalhadas, confundir o Amapá com o Amazonas.
O caso de Bolsonaro é mais grave. Ele simplesmente não aprendeu nada com o fracasso de sua gestão na Saúde. Parece nem aí por 22 estados e o Distrito Federal estarem em uma situação crítica. Ele mantém a mesma insensibilidade que o tornou um pária mundo afora.
Em mais uma live semanal nas redes sociais na noite dessa quinta-feira (18), com a sua insensibilidade habitual, Bolsonaro mais uma vez pisou na maionese. Ele anunciou que estava entrando com uma ação de inconstitucionalidade no STF para conter “abusos de governadores” que ao adotarem medidas restritivas contra o avanço da pandemia estariam invadindo sua área de competência. “Toque de recolher é estado de sítio que só uma pessoa pode decretar: eu”.
Essa alegação é tão absurda que soa como piada pronta. É simplesmente inacreditável que um gestor omisso e negacionista tente punir outros gestores. igualmente eleitos, por tentarem minimizar seu estrago. Em vez de agradecer, por o rabo entre as pernas, e mudar de rumo, segue na mesma toada desastrada.
Consegue piorar o enredo com argumentos usados em sua fala nas redes sociais: “A gente sabe que, pelo que a gente vê acontecendo no Brasil, parece que a nossa liberdade e a nossa democracia não estão tão sólidos assim, devemos nos preocupar com isso”. Que conversa é essa? Contrapor a defesa de vidas com a democracia é papo de maluco.
O que realmente é preocupante é que essas baboseiras são ditas pelo presidente da República. Alguns pensam em um improvável impeachment. Eu penso que se seguir nessa louca toada contra a ciência, a lógica, e a vidas as pessoas, talvez o mais adequado seria uma camisa de força.
A conferir.