Bolsonaro precisa sair do armário

A cobertura política de Brasília é uma tarefa assustadora que deixa o honesto cidadão morrendo de medo da perspectiva de Jair Bolsonaro permanecer no Palácio do Planalto um dia a mais do que o absolutamente necessário.

É uma radiografia psicológica, e, principalmente uma advertência oferece algum grau de compreensão da mente do presidente brasileiro. Mas também é uma empreitada política que pode fazer o cidadão a se perguntar se o noticiário é mesmo o meio certo para enfrentar Bolsonaro, e se a cobertura como esta pode se conectar com qualquer pessoa que ainda não acredita em tudo que ele tem a dizer.

A cobertura política nunca foi tão oportuna e importante para a sociedade brasileira. O jornalismo é considerado o primeiro rascunho da história. A democracia não pode funcionar sem comunicação.

Freud entra em campo

Os repórteres buscam ajuda na psicanálise para processar a gestão do atual presidente.Nos últimos anos, a sociedade brasileira assistiu ao colapso da noção de que fatos politicamente relevantes podem ser discernidos por profissionais de notícias, deixando os eleitores em dúvida sobre se as mensagens comunicadas por esses profissionais são confiáveis.

O presidente Bolsonaro desempenhou um papel importante no levantamento de dúvidas sobre a veracidade das informações veiculadas pelas principais organizações de notícias.

A mídia social tem permitido que indivíduos e pequenas organizações disseminem mensagens – talvez precisas, talvez falsas – diretamente aos eleitores, sem a mediação de grandes organizações de notícias.

Jornalistas na cobertura política – Foto Orlando Brito

Tudo isso significa que os eleitores são forçados a identificar as fontes de notícias em que confiam. E como diferentes fontes de notícias estão disseminando mensagens diferentes sobre os mesmos assuntos, os eleitores agora terão visões mais díspares da realidade do que era há décadas.

A cobertura em Brasília é problemática porque a política de hoje, especialmente na era de uma presidência guiada pela mídia social e uma enxurrada de revelações, acusações e condenações 24 horas por dia, simplesmente agem rápido demais para qualquer para não parecer um passo atrás dos tempos.

Por outro lado, a mídia digital independente tenta compensar isso sendo profunda e abrangente, embora faça um trabalho estiloso com tarimbados veteranos jornalistas com passagens nos grandes veículos de comunicação

Um desiquilibrado no volante

Os profissionais da mídia tentam explicar a personalidade de Bolsonaro com a ajuda psicólogos e psiquiatras. O diagnóstico é bem claro: “narcisismo maligno.”

A maioria do povo brasileiro sabe que Bolsonaro é impróprio para o cargo. O atual presidente já foi diagnosticado com narcisismo maligno, paranoia, transtorno de personalidade, antissocial e sadismo.

Manifestação dos fãs de Bolsonaro – Foto Orlando Brito

Os leitores dos tradicionais veículos provavelmente acham a cobertura do presidente exaustiva e persuasiva; mas a tropa de choque de Bolsonaro encontra falhas tanto nas conclusões quanto na ética de chegar a essas conclusões.

Interpretar o diagnóstico psicológico do presidente é pré-requisito para uma eficiente e eficaz cobertura. Não é apenas o começo da empreitada, embora seja o nervo principal da atividade jornalística de plantão em Brasília.

É de conhecimento público que Bolsonaro não acredita na democracia e que esta é “uma época perigosa para o Brasil, a América Latina e o resto do mundo”.

Democracia na UTI

Sim, é assustador para o cidadão digerir esse pacote contínuo e contundente de informações, mas é fresco o suficiente para arrancar alguém de suas posições entrincheiradas neste clima político de divisão na sociedade brasileira?

Essa é uma questão que paira sobre a cobertura da presidência, que vincula o perfil psicológico de Bolsonaro às suas tendências autoritárias e, em seguida, aos perigos que essas disposições representam para a democracia brasileira.

Benito MUssolini e Adolf Hitler

Atacar os seguidores de Bolsonaro tem o efeito contrário. Por outro lado, diversos veículos buscam semelhanças entre os eleitores do presidente os cidadãos da Itália e da Alemanha que ajudaram Mussolini e Hitler a implantar uma época de terror na Europa.

Há um grande vazio entre os clássicos veículos de comunicação e a base do governo do atual presidente brasileiro.
Depois que o cidadão desembarca no Planeta Bolsonaro, não há argumento racional que mude sua opinião.

A oposição do atual governo parece ter um argumento lógico e poderoso. Mas se é capaz de assustar muitas pessoas que já se opõem a Bolsonaro, não parece que vai mudar a opinião de ninguém.

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