Na gangorra tucana em São Paulo, Alckmin se desgarrou dos rivais. Conseguiu um feito inédito, o controle inquestionável do partido no momento em que os principais adversários do PSDB viraram pó. Franco Montoro nem Mário Covas tiveram uma conjugação astral tão favorável.
Por algum mérito e uma boa dose de sorte, Alckmin escanteou José Serra no próprio ninho, tirou a direita tradicional do páreo e foi quem se beneficiou da derrocada de Lula e do PT.
Até dividido, o PSDB paulista sempre liderou a fila. O sucesso da exceção Aécio Neves foi justamente o seu desempenho eleitoral em São Paulo. Só não chegou ao Planalto por não ter feito o dever de casa em Minas Gerais.
Aécio, porém, vem dando a volta por cima em Minas. Pode resgatar boa parte do cacife perdido nas eleições de 2014. Um trunfo, sem dúvida. Bem menor do que o de Alckmin.
No perde e ganha com Alckmin, Aécio tem mais um ponto a favor e outro contra. Um dedo de prosa com delatores e investigadores não deixa dúvida – Aécio está na linha de tiro da Operação Lava Jato; Alckmin, ainda não.
Aécio tem o controle da máquina tucana nacional. Além de presidir o partido, conta com o apoio dos líderes no Senado, Cássio Cunha Lima, e na Câmara, Antonio Imbassahy. Seus aliados querem eleger, em fevereiro, o próximo presidente da Câmara: o próprio Imbassahy ou o deputado Carlos Sampaio.
Embalado pela vitória em São Paulo, Alckmin quer repactuar o comando nacional do partido para assegurar condições iguais a de Aécio na escolha pelo partido do candidato ao Planalto, de preferência por meio de prévias. Seus aliados dizem que não aceitam, por exemplo, que todos os postos chaves continuem nas mãos de parceiros de Aécio. Alckmin mira na vaga de Aécio na presidência do PSDB, mas está aberto ao entendimento.
Se não abrirem espaço para o seu time, vai buscar isso pelo voto. Por exemplo, sem acordo interno, se a turma de Aécio quiser emplacar o futuro presidente da Câmara, corre o risco de enfrentar até um candidato de outro partido turbinado por Alckmin. Blefe? Talvez não.
Uma das alternativas citadas por aliados de Alckmin seria a candidatura de Heráclito Fortes (PSB-PI), político com trânsito fácil em todos os grupos na Câmara, e integrante de um partido em que o governador de São Paulo também aposta alto.
A exemplo da troca de comando no PSDB, o PSB também renovará sua direção nacional em 2017. Carlos Siqueira, atual presidente, é representante do grupo de Pernambuco mais ligado à família de Eduardo Campos. Saiu das urnas com o peso eleitoral intacto.
Ocorre que o vice-governador de São Paulo, Márcio França, parceiro de Alckmin na bem sucedida estratégia eleitoral paulista, ampliou seu cacife. E mais: quer assegurar o apoio do PSB a Alckmin como candidato do partido ou, mesmo em aliança com os tucanos, caso o governador vença a queda de braço com Aécio Neves.
Com esse propósito, Márcio França quer assumir o comando do partido. Além de suas articulações em todo o país, conta com o apoio de uma parcela com peso em Pernambuco – a família Bezerra Coelho. O pai, Fernando Bezerra, é senador, um do filhos é ministro das Minas e Energia e o outro foi eleito prefeito de Petrolina.
Se Márcio França passar a dar as cartas no PSB, deve ressuscitar a fusão com o PPS, atrair políticos de outras legendas, encorpando o partido no projeto de eleger Alckmin presidente da República. E o próprio Márcio França como governador de São Paulo. A conferir.