A aposta de Cunha é mais um blefe

Rogério Rosso, Jovair Arantes e Eduarco Cunha. Foto Orlando Brito

Quem está em queda livre sempre acredita em algum amparo. Quem não quer cair junto, estimula essa crença. Essa é a situação, digamos, espacial de Eduardo Cunha. Na realidade, ele ainda aposta no trator de esteira que marcou seu primeiro ano de gestão na Presidência da Câmara. Passava por cima de tudo. Falta-lhe agora combustível. Nessa quinta-feira (7) as lideranças dos partidos do centrão atropelaram sem dó a decisão de Valdir Maranhão, o volúvel, de marcar para a quinta-feira (14) a reunião para a escolha do sucessor de Cunha. Como a conduta de Maranhão dá margem a isso, virou verdade.

Mas, pela primeira vez, forças políticas com algum cacife resolveram bancar uma decisão de Maranhão. Por ironia, elas estão lhe dando a chance de sair por cima de uma interinidade algo cômica. Líderes de peso estão dispostos a sustentar sua decisão, até porque participaram de seu processo de convencimento. Pelo que eles me dizem, o ato de Maranhão convocando a eleição para a quinta-feira (14) será publicado hoje no Diário Oficial que publica as resoluções da Câmara dos Deputados.

Como sempre acontece quando a casa cai, estão surgindo as mais variadas candidaturas. O Palácio do Planalto sempre teve uma simpatia pelo deputado Rogério Rosso (PSD-DF). Sua atuação na Comissão do Impeachment da presidente Dima Rousseff aumentou seu cacife. Supostos aliados, no entanto, espalharam ao longo da quinta-feira  que ele teria saído do páreo. A  justificativa é de que, a exemplo do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), teria preferido se resguardar para a sucessão definitiva em fevereiro de 2017. A causa pode ter sido outra: pendências de quando participou de gestões, como a presidência da Codeplan, em Brasília.

Depois disso, virou uma corrida maluca no Centrão, incluindo nomes sem nenhuma expressão querendo ganhar seus 15 segundos de fama. Ocorre que, em outro polo, vários movimentos políticos geraram novas expectativas. O deputado Rodrigo Maia, do DEM, com boas relações com Eduardo Cunha e trânsito junto a outros partidos com posições diferentes está costurando uma ampla aliança que juntaria a nova e a velha oposição. A intenção é também dividir o Centrão, sempre a favor de qualquer projeto viável de poder

O deputado Júlio Delgado, do PSB, candidato de uma dessas bandas, mas marcado como oposição visceral a Eduardo Cunha, está disposto a sair do páreo para se alinhar a Rodrigo Maia. O jogo vai continuar a ser jogado. A aposta de Eduardo Cunha de, mesmo perdendo, continuar dando cartas na mesa de jogo pode sair pela culatra.

Cunha renunciou à Presidência da Câmara. Corre o risco de não fazer o sucessor. Risco maior de que seu sucessor não vá bancar seu jogo. E a certeza de que, agora ou em agosto, seu caso vai a plenário e seu mandato será cassado. É assim que a Câmara e o Senado, e todos os demais poderes,  sempre trataram seus derrotados.

 

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