O julgamento final será da história, deste ninguém escapará, nem acusados e nem acusadores de hoje. Quem conhece a presidente afastada Dilma Rousseff não se surpreendeu com a entrevista de ontem ao blog Revista Gorimem que ela faz afirmações duras sobre o PT, afirmando que seu partido precisa passar por uma grande transformação e reconhecer os erros cometidos, inclusive do ponto de vista ético.
Não são palavras de quem está arregimentando a tropa para virar a votação no plenário do Senado e voltar ao Planalto. São palavras de quem está, diante do desfecho inevitável, cuidando da própria biografia.
Desde semana passada, quando jogou no colo da direção partidária os entendimentos com o marqueteiro João Santana em torno de pagamentos de caixa 2 de sua campanha – o que segue totalmente a lógica de quem conhece Dilma e suas relações com o PT – a presidente afastada vem trilhando um caminho próprio.
Ninguém verá Dilma admitir a derrota no Senado e morrer de véspera. Mas, ao distanciar-se dos malfeitos do PT – que reage sem-graça mas parou de trabalhar para salvá-la há tempos – ela mostra que sua principal preocupação passou a ser com o tal julgamento da história, no qual espera ser absolvida.
Do ponto de vista ético, isso pode acabar acontecendo, já que não se tem notícia de qualquer proveito pessoal ou envolvimento direto de Dilma nos atos de corrupção nos governos do PT. Também a existência de crime de responsabilidade como base de seu afastamento pode ser alvo de questionamentos futuros.
A esta altura do campeonato, porém, e com as reduzidas chances de qualquer mudança no curso do julgamento, esse é, cada vez mais, um problema para os historiadores do futuro.