Base parlamentar do governo Temer mostra resistência ao ajuste fiscal

Rose de Freitas, líder do governo no Senado. Foto Orlano Brito

Nem tudo serão flores no novo governo Michel Temer, se o impeachment de Dilma Rousseff for aprovado, como é provável.

Ontem foram votados “em globo” 15 vetos presidenciais a projetos anteriormente aprovados pelo Congresso. Em geral essas votações ocorrem por acordo, em que se colocam vários vetos em votação ao mesmo tempo. Mas a oposição resolveu obstruir.

Tudo bem. Os vetos foram aprovados (inclusive boa parte eram vetos assinados pela presidente da República afastada Dilma Rousseff, mas que interessavam ao atual governo). Mas como diz o ditado: o Diabo está nos detalhes.

Os vetos foram aprovados, mas havia destaques para votação de detalhes de interesse dos mais variados grupos no Congresso, aliados ou francamente de oposição ao governo. Resultado: não houve quórum para a votação dos destaques. E eles ficaram sem data para serem votados.

A líder do governo no Congresso, senadora Rose de Freitas (PMDB-ES), tentou acertar ali, então, para a próxima segunda-feira a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Nada. Não teve apoio sequer dos líderes da base do governo.

“Tudo bem. Foram aprovados aqui os vetos. Mas o que está claro dessa sessão é que o governo não conseguiu mobilizar sua base. Quero ver na votação de matérias mais polêmicas, como a reforma previdenciária e este teto para os gastos públicos”, vaticinou o líder da nova Minoria, senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Mais cedo, na Câmara, o governo encontrou forte resistência em sua base congressual para votar o projeto de limitação dos gastos públicos. O jeito foi parar para estudar uma forma de  retirar do cálculo da folha salarial os gastos com terceirização, indenizações, auxílios e despesas de exercícios anteriores com categorias de funcionários públicos.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, era contrário ao recuo. Mas, no final da tarde, viu que não tinha como resistir e já afirmava: “As mudanças, se houver, serão mudanças para melhor, para o projeto ficar mais consistente. Nós não podemos é perder de vista a finalidade última, que é o controle da evolução das despesas públicas.”

No balanço final do dia, os articuladores do Palácio do Planalto saíram preocupados: não vai ser fácil o relacionamento com o Congresso do eventual novo governo de Michel Temer. Sua base será bastante resistente ao ajuste nas contas públicas.

 

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