Poucas vezes na minha já quase extensa vida, vi uma cena tão patética quanto o teatro armado pela comunicação do Planalto. Para quem não viu, eu conto. Quatro ministros foram convocados para cotejar mortes. Uma, por desimportante, a Damares, deixemos de lado; o outro, Paulo Guedes, por só pensar em CNPJ, deixemos de lado também. Mas o cinismo de dois generais, Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos, é inigualável. Tiveram a pachorra de cotejar mortes em outros países e por diversas outras causas para justificar a absoluta incompetência do governo em enfrentar a tragédia do coronavírus que assola o País.
Então tá, os caras são os fodões, estudaram nas escolas militares de excelência. Fizeram carreira, aprenderam a sobreviver e gritar Selva!. Carregam no espírito a noção de hierarquia. Gostam de evocar o nacionalismo e o patriotismo como se tivessem o monopólio das boas intenções. Hoje, fazem exercícios retóricos para justificar a loucura de um paisano. Claro, quem há 30 anos foi expulso do Exército por ser um mau soldado é paisano sim. Por migalhas de DAS (Direção e Assessoramento Superior), submetem-se a essa vergonha.
Façam o que realmente devem fazer: vocês são pagos pela nação. Protejam nossas fronteiras, para evitar a entrada de drogas, armas e contrabando. Protejam o maior o patrimônio ambiental do mundo. E, por dignidade, não dobrem o espinhaço para um capitão desqualificado. Não é possível que um DAS, cargo público remunerado, e o gosto adquirido pelos punhos de renda sejam valores de uma carreira de Estado. O Brasil, que sempre os sustentou, espera mais de uns filhos que não fogem à pátria. Não se trata de ideologia, trata-se de dignidade e de preservar o País. Como se não bastasse, os fascistas roubaram as cores nacionais e a nossa bandeira. Cabe a todos nós, brasileiros, resgatar os nossos símbolos. E juntos ajudar a diminuir o efeito desta tragédia que compete com a pandemia mundial: o capitão.