Milhões de eleitores do presidente Jair Bolsonaro acreditam que o planeta Terra não é redondo. Trocaram o conhecimento científico pela religião. É muita sandice para tolerar.
A ciência prova que os seres humanos estão destruindo o meio-ambiente e não haverá um planeta habitável para os nossos filhos e netos.
Talvez seja útil reforçar as previsões de renomados pesquisadores, numa era em que, lunáticos ocupam os poderes em Washington, Canberra e Brasília.
O eminente cientista australiano professor Frank Fenner, que ajudou a eliminar a varíola, previu que os seres humanos serão extintos dentro de 90 anos, devido à superpopulação, destruição ambiental e mudanças climáticas. Fenner, professor emérito de microbiologia da Universidade Nacional Australiana (ANU) em Canberra, disse que o homo sapiens não será capaz de sobreviver à explosão da população e ao “consumo desenfreado” e será extinto, talvez dentro de um século, junto com outras espécies.
São verdades que os milhões de miseráveis (leiam-se eleitores de Bolsonaro, Donald Trump e Scott Morrison), a julgar pelos seus comportamentos e mensagens nas redes sociais, ainda se recusam a aceitar. Para eles, os sites do New York Times, Clarin, Bloomberg News, Christian Science Monitor, Epoch Times, Cambodian Journal, Irish Echo, Wall Street Journal, BBC News, Ansa.it, Deutsche Welle, El Pais, France24, Kiev Post, Moscow Times, Prague Post, Pravda, Calgary Herald, CBC News, Globe & Mail, Toronto Sun, Vancouver Sun ABC, Melbourne Age e Sydney Morning Herald são “fake news”.
Fenner anunciou em 1980 na Assembleia Mundial da Saúde de que a varíola havia sido erradicada – uma das maiores conquistas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele também esteve diretamente envolvido no controle da população de coelhos selvagens da Austrália com o vírus da “mixomatose”.
O cientista australiano é lembrado, acima tudo, pela contribuição na área da saúde mundial. Ele nunca perdeu tempo conversando com Jesus na goiabeira. Fenner acreditava que a situação no planeta é irreversível e é tarde demais porque os efeitos que tivemos na Terra desde a industrialização – um período agora conhecido pelos cientistas como o “Antropoceno” compete com qualquer efeito das eras glaciais ou dos impactos de cometas.
Ele sublinhava que a mudança climática está apenas no começo, mas é provável que seja a causa de nossa extinção. “Teremos o mesmo destino que as pessoas na Ilha de Páscoa”, informou ele. Com o aumento da população significa menos recursos, e Fenner previu que “haverá muito mais guerras por comida”.
A Ilha de Páscoa é famosa no mundo inteiro por suas enormes 887 estátuas de pedra gigantes que são conhecidas como Moai, que representam antepassados e divindades. O povo polinésio se estabeleceu ali, até então uma ilha tropical intocada, por volta do meio do primeiro milênio d.C. A população cresceu lentamente no início e depois explodiu. À medida que a população crescia, as florestas foram exterminadas e todos os animais das árvores foram extintos, ambos com consequências devastadoras para a ilha. Depois de 1600, a civilização começou a entrar em colapso e praticamente desapareceu em meados do século XIX. O biólogo evolucionista Jared Diamond, professor de Geografia na Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA), aponta que os paralelos entre o que aconteceu na Ilha de Páscoa e o que está acontecendo hoje no planeta como um todo são “assustadoramente óbvios”.
Enquanto diversas autoridades também estão pessimistas, outras estão mais otimistas. Entre elas, está o milionário australiano Peter Stuart Whish-Wilson. Ele largou os negócios da família para ingressar na política. Whish-Wilson, uma versão australiana de John Fitzgerald Kennedy, é membro do Partido Verde desde 2012 e ocupa uma cadeira no senado federal pela Tasmania. Ele enfatiza que ainda espera que a conscientização dos problemas cresça e que as mudanças revolucionárias necessárias sejam feitas para alcançar a sustentabilidade ecológica do planeta.
Whish-Wilson, conhecido como o “Senador Surfista”, nas horas de folga pega as ondas nas praias da Tasmania e ajuda na limpeza dos oceanos da Austrália.
Por não mobilizar todos os recursos disponíveis para tentar reverter a extinção da raça humana, Bolsonaro, Trump e Morrison já insultaram milhões de cidadãos de bem que sabem ler, acreditam em ciência, pagam impostos em dia e cumprem a lei.
Fenner faleceu no dia 22 de novembro de 2010 em Canberra. Publicou 22 livros e cerca de 300 artigos científicos.