Até meados do ano passado, o PMDB, era um partido de vários senhores, embora formalmente presido pelo então apenas vice-presidente da República, Michel Temer.
Mas o destino, o naufrágio do governo da petista Dilma Rousseff, os próprios rachas do PMDB, a crise econômica e, sobretudo, a Operação Lava Jato jogaram o partido nas mãos do agora presidente da República em exercício.
Vamos por partes.
Um dos senhores do PMDB era o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que tinha sob seu guarda-chuva caciques como os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Eunício Oliveira (PMDB-CE) e ainda fazia dobradinha com um dos maiores caciques regionais da legenda, o senador Jader Barbalho, do Pará.
Renan era a grande ponte do PMDB com o governo, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e, ainda, mantinha a tiracolo o líder do governo no Senado, Delcídio Amaral (PT-MS).
Almejava tomar de Temer a presidência do partido e ainda fazer do então seu principal aliado no PSDB, o senador José Serra (SP), o candidato peemedebista à Presidência da República.
Tudo isto foi por terra. Com a posse de Temer na Presidência da República, Romero e Eunício voltaram a se aliar a quem trazia mais expectativa de poder e com quem estiveram bem próximos no passado. Jader Barbalho fez o filho ministro e mudou sua parceria para o Palácio do Planalto.
José Serra tornou-se ministro e passou a depender de Temer para uma candidatura presidencial pelo PMDB, se o PSDB lhe faltar, como é previsto.
O governo ao qual Renan servia de ponte naufragou, e o ex-presidente Lula está cada vez mais ferido pelo juiz Sérgio Moro. Delcidio, como se sabe, acabou preso e delatando todo mundo, inclusive Renan. Assim como o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, que entrou na história para piorar tudo.
Resta a Renan se encastelar na presidência do Senado e aproveitar o poder que lhe resta para ele próprio se acertar com Michel Temer.
O outro grande pólo de poder no partido era o Rio de Janeiro, com o prefeito Eduardo Paes como possível candidato a estrela das Olimpíadas e à Presidência da República. E com o então poderoso presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como dono do maior cofre do partido.
Mas o Rio faliu, as Olimpíadas estão ameaçadas e Eduardo Cunha caiu de vez nas garras da Operação Lava, foi afastado do comando da Câmara e tudo indica que perderá até o mandato.
Resultado: sobrou apenas Temer no PMDB.
O problema é que a Lava Jato continua atingindo seus ministros. Já se foram três e há expectativa de que vários outros também irão, com tendência a enfraquecer o governo.
E não se sabe até onde as citações ao próprio presidente em exercício, que já ocorreram durante as investigações, acabarão por atingi-lo. Nem se sabe se Eduardo Cunha também fechará acordo de delação premiada. E o que ele dirá?
Mas, por enquanto, Michel Temer mantém-se como principal foco de poder no país e senhor absoluto do futuro de seu partido, o PMDB.