O forte discurso de hoje em que Rodrigo Janot rebateu “leviandade e aleivosias, mentiras e calúnias” sobre o trabalho da PGR tem vários destinatários, mas o principal deles é o ministro do STF Gilmar Mendes.
O tempo fechou entre Janot e Gilmar desde que este último acusou a PGR de vazar os pedidos de prisão que pediu ao STF contra Renan Calheiros, Romero Jucá, José Sarney e Eduardo Cunha. Em sua fala de hoje, talvez a mais forte que já tenha feito, Janot mostrou indignação e negou com veemência a autoria do vazamento.
E tascou um puxão de orelha que, segundo interlocutores comuns, tem como endereço certo o ministro do STF, sobretudo pela referência final: “Figuras de expressão nacional, que deveriam guardar imparcialidade e manter decoro, tentam disseminar a ideia estapafúrdia de que o procurador-geral da República teria vazado informações sigilosas para, vejam o absurdo, pressionar o Supremo Tribunal Federal e obrigá-lo a decidir em tal ou qual sentido, como se isso fosse verdadeiramente possível. Ainda há juízes em Berlim, é preciso avisar a essas pessoas”, disse.
Esssa história de “ainda há juízes em Berlim” é um código de advogados, frase vinda de um episódio envolvendo o rei Frederico II, da Prussia, que queria expulsar um moleiro que teria se recusado a sair de umas terras. O rei teria dito então que poderia até tomar as terras. O moleiro teria respondido que ainda havia juízes em Berlim, ou seja, que confiava na justiça, até mesmo contra o rei…