A XP/Ipespe divulgou nova pesquisa de opinião nesta sexta, 5. Segundo ela, o presidente Jair Bolsonaro prossegue em queda de popularidade.
A avaliação ótima e boa, em fevereiro, de 40%, caiu para 35%, em abril. Já os que consideram o governo Bolsonaro ruim e péssimo subiram de 17% para 26%.
De um lado, uma queda de 5 pontos percentuais; do outro, uma alta de 9 p.p. Ambas negativas.
Também a expectativa em relação ao novo governo apresentou queda. Em janeiro, 63% dos entrevistados esperavam que Bolsonaro fizesse um governo ótimo ou bom. Em abril, o índice é de 50%.
Piores, só Temer e Itamar
As quedas são naturais após o desgaste dos primeiros meses de realidade administrativa e política. Mas Bolsonaro, na comparação com os antecessores, só supera Itamar Franco e Michel Temer em aprovação – dois presidentes que assumiram em momentos de crises graves e que foram eleitos vice-presidentes.
Ou seja, nesses mesmos momentos de seus mandatos, Collor, FHC, Lula e Dilma eram mais bem avaliados. Noves fora Lula, que deixou o Palácio do Planalto com aprovação recorde.
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A realidade exposta pela XP não é isolada. Outros institutos de pesquisas, como Ibope e Datafolha, indicam números crescentes de desaprovação.
Um presidente realista, que pretenda entregar o que prometeu na campanha eleitoral e seja um democrata deve ler com atenção as enquetes profissionais. Com um bom grau de precisão científica, elas refletem a voz das ruas num determinado momento.
“Plateias amigas só fazem aplaudir.
São acríticas e idólatras.
Vaiar seu mito é confessar seu equívoco”.
No caso do capitão-mor, o mau humor é compartilhado por setores expressivos da sociedade, como o Congresso Nacional, abertamente, e o empresariado, mais contido. Não é pouca coisa.
A vida além do Twitter
Até aqui, porém, o presidente tem se voltado para sua plateia cativa, aquela do Instagram e do Twitter, onde seus posts convertem-se em likes. Eis o perigo.
Aplausos, em ambientes fechados, não nos deixam ouvir as vaias do lado de fora do teatro. Mas nem por isto deixam de ser verdadeiras e mais numerosas. Além disso, parte expressiva da desaprovação não é estridente.
A vida real vai além dos 3,9 milhões de seguidores no Twitter ou dos 11,2 milhões no Instagram. Na verdade, não há garantia mesmo que este contingente o esteja aprovando.
Plateias amigas só fazem aplaudir. São acríticas e idólatras. Vaiar seu mito é confessar seu equívoco.
Se quiser marcar positivamente sua passagem pela Presidência da República, Bolsonaro terá que gerar empregos, melhorar a renda dos brasileiros, reduzir a violência e evitar a insolvência do Estado. Tudo passa, em primeiro lugar, pela Nova Previdência, cuja aprovação requer muita habilidade política e convencimento da maioria dos brasileiros.
Aliás, de acordo com a XP, o apoio à reforma caiu 10 p.p. entre janeiro e abril, embora ainda se conserve num patamar alto, de 61%.
O presidente pode continuar admirando-se no espelho turvo das redes sociais, acreditando que os likes são a expressão majoritária da realidade. Ou pode começar a ouvir as opiniões dos descontentes.
Um dos principais erros de mandatários democratas é cercar-se apenas dos que o elogiam. Aliados bem-intencionados fazem análises críticas primeiro. Os louvores vêm depois. Ou seja, primeiro preparam a festa para, depois, comemorar.