A seis dias das eleições, o juiz Sergio Moro levantou o sigilo sobre um dos termos de colaboração premiada do ex-ministro Antônio Palocci, que detalha o suposto loteamento de cargos na Petrobras em troca de financiamento para o PT. Moro sempre terá uma justificativa jurídica para cada um de seus atos, mas vai ficar difícil convencer alguém de que ele não está também em campanha.
A delação de Palocci, acertada em abril com a Polícia Federal, já tem muitas partes conhecidas, e não teve o efeito de tirar votos do PT ou de Lula até agora. Mas a esperança é a última que morre, e os movimentos antipetistas já se animaram.
Afinal, veremos, nos meios de comunicação, mais transcrições de gravações, depoimentos e relatos de reuniões citando Lula e outros personagens dos governos do PT, dos quais Fernando Haddad fez parte. A poucos dias de se encontrar com as urnas, na reta final da escolha, o eleitor será lembrado de tudo o que se falou de PT e Petrobras ao longo da Lava Jato. Mesmo que não tenha nada novo, isso será apresentado com estardalhaço pelos adversários.
Não se sabe se a revelação de parte da delação de Palocci terá maior influência sobre o resultado do primeiro turno da eleição, que tende a botar Jair Bolsonaro e Haddad no segundo turno. Mas pode ajudar a estancar, ou reduzir, o crescimento acelerado que poderia levar o petista a chegar em primeiro lugar à etapa final da eleição.
Acima de tudo, o que o episódio mostra é a insistência do Judiciário em marcar seu protagonismo, interferindo no processo eleitoral a qualquer dia e a qualquer hora, no papel de dono da bola que assumiu desde a Lava Jato.
Também faz parte desse efeito a queda-de-braço dentro do STF em torno da entrevista do ex-presidente Lula, autorizada por Lewandowski, cassada por Fux num raro gesto de censura à imprensa e hoje autorizada de novo por Lewandowski. Depois dizem que o Judiciário não está em campanha.