Caciques políticos querem enquadrar MP, PF e Justiça logo após eleições

Foto Orlando Brito

A pedido do Ministério Público do Paraná, a prisão do tucano Beto Richa, em plena campanha para o Senado, tem nada e tudo a ver com uma articulação nos bastidores da Câmara e do Senado que promete fazer muito barulho logo após as eleições.

Há tempos, deputados e senadores querem enquadrar o Ministério Público, a Polícia Federal e a Justiça sob a justificativa de que eles criminalizam a política para se afirmarem como protagonistas no jogo entre os poderes.  Sempre recuaram na hora H com medo da opinião pública, amplamente favorável à condução do juiz Sérgio Moro na Lava Jato e às outras investigações sobre corrupção.

Richa, Alckmin e Aécio

Na ótica dos caciques políticos, o resultado disso é que quem tem culpa ou apenas suspeita nas apurações sobre corrupção tá pagando um dobrado nessa campanha eleitoral. Todos estão irados contra as investigações e a exposição de seus nomes, justificadamente ou não. Acusam a turma da Lava Jato de fazer jogo eleitoral mesmo em casos de outras jurisdições, como as denúncias do MP paulista contra Geraldo Alckmin e Fernando Haddad e a prisão de Beto Richa. Ou o novo depoimento de Antonio Palocci em Brasília com pesadas acusações contra Lula.

E conspiram para dar o troco o mais rápido possível. Dizem que não querem sequer esperar o segundo turno eleitoral. Decidida as eleições legislativas em 7 de outubro, planejam para pôr na pauta do Congresso projetos como a nova lei contra abusos de autoridade. Até políticos que antes resistiam a essas represálias do Legislativo começam a se mostrar favoráveis a um freio na Justiça.

Ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes

Pelas conversas nos bastidores em Brasília, a pauta para enquadrar “abusos” de procuradores e juízes vai além do Legislativo, com o apoio do Palácio do Planalto. Mais do que concordar com eles, o ministro Gilmar Mendes os estimula a endurecer o jogo contra “excessos” do Ministério Público, Polícia Federal e juízes de primeira instância.

Os caciques políticos dos mais variados quadrantes apostam, também, que o ministro Dias Toffoli nas presidências do STF e do Conselho Nacional de Justiça será um aliado nessa batalha para, como diz o presidenciável Ciro Gomes, devolver Ministério Público e Justiça para suas “caixinhas”.

Vai haver forte reação. Com tanta corrupção escancarada, que colocou os principais partidos políticos no mesmo balaio, vai ser muito difícil simplesmente devolver qualquer coisa para “caixinhas” estraçalhadas.

A conferir.

 

 

 

 

 

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