O comando das Forças Armadas não é composto por eleitores de Jair Bolsonaro. Em sua maioria, militares de alta patente prefeririam, segundo interlocutores frequentes, ver um nome mais moderado na presidência da República, tipo Geraldo Alckmin. Isso não quer dizer, porém, que não venham a ficar do lado do deputado-capitão, dependendo das circunstâncias e de quem estiver do outro lado.
Esse alerta vem sendo dado por militares que conversam com o meio político e apontam o acirramento do debate em torno de temas que tocam fundo nas casernas, como por exemplo o regime militar. A defesa que o candidato do PSL faz da tortura e outros absurdos que costuma dizer não agradam à maioria dos militares da ativa. Como também não receberam aplausos as afirmações preconceituosas de seu vice, general Hamilton Mourão, sobre nossa herança racial.
Mas as críticas mais fortes ao regime militar, e iniciativas como a revisão da Lei da Anistia e a possibilidade de punição dos crimes cometidos por representantes das Forças Armadas durante a ditadura acabam por favorecer Bolsonaro com a solidariedade dos chefes militares. Quanto mais o debate passa por essas questões e se radicaliza, mais o deputado-capitão cresce entre os militares, sobretudo nas altas patentes, diz um deles.
Bolsonaro, que tem o general reformado Augusto Heleno como elo de ligação com os comandantes das Forças Armadas, não tinha votos, por exemplo, no Alto Comando do Exército. Dizem as más linguas que agora tem.