Geraldo Alckmin sabe que terá de tirar alguma carta da manga para se viabilizar como o candidato preferencial das forças de centro-direita. Trata-se de uma turma bem pragmática, com um olho nas pesquisas e o outro nos futuros nacos de poder seja qual for o governo.
Alckmin continua patinando nas pesquisas. Até agora tem pedido um crédito de confiança. Ele argumenta que, sustentado por uma forte coligação, vai melhorar seu desempenho quando começar a propaganda eleitoral no rádio e na tevê. “Nenhum pré-candidato tem hoje dois partidos. Ninguém. Nós temos cinco, começamos com 20% do horário eleitoral”, diz Alckmin. O problema é que campanha na tevê só a partir do dia 31 de agosto. E cada partido tem que definir suas alianças no mais tardar até o final de julho – a data limite para as convenções partidárias é 5 de agosto. Nem no próprio ninho tucano todos parecem dispostos a esperar tanto tempo.
Alckmin conta, além do PSDB, com o apoio do PSD, PTB, PPS e PV. Diferente de Fernando Henrique Cardoso que, pelo menos de público, rejeita uma geleia geral — o que abre a possibilidade para uma aposta em Marina Silva –, Alckmin continua a correr atrás de apoio. Vai fazer nova investida nessa quarta-feira em jantar com o DEM, PP, PRB e Solidariedade, a banda do Centrão regida por Rodrigo Maia. Uma de suas cartas será oferecer a esse bloco a indicação do vice em sua chapa. Marconi Perillo, coordenador de sua campanha, já pôs na mesa três nomes: Mendonça Filho (DEM), Aldo Rebelo (Solidariedade) e Flávio Rocha (PRB).
Pelo trôpego andar dessa carruagem, Alckmin talvez tenha que ceder mais que a vice e, ainda assim, sem garantia de apoio de todo o bloco. O PP, por exemplo, continua mais próximo de Ciro Gomes. O DEM está dividido, uma ala prefere manter a tradicional aliança com os tucanos e outra flerta com Ciro Gomes. O PR já se desgarrou, põe na vitrine o empresário Josué Gomes de Alencar, enquanto negocia com Jair Bolsonaro. Álvaro Dias também cisca no terreiro de Rodrigo Maia — ali, as resistências são a seu estilo tido como individualista e as suas ligações com a turma da Lava Jato.
Nessa ciranda que roda pra todos os lados, os tucanos ainda avaliam outra alternativa: PSDB e MDB, mesmo fazendo beiço mútuo, mantêm a paquera. Se depender de João Doria, dá casório. Essa parece ser uma opção bem razoável para Michel Temer. Emplacar Henrique Meirelles como vice de Alckmin pode ser uma saída para o MDB palaciano. Meirelles resiste, quer concorrer ao Planalto. Alckmin ainda mantem um pé atrás. A dúvida no PSDB é sobre o custo/benefício. Se essa parceria amplia bastante o tempo na tevê — e agrega uma estrutura partidária que, mesmo dividida, é poderosa –, o preço de uma aliança com o desgastado Temer pode ser muito salgado.
A conferir.