Por Maria Luiza Abbott e Marcelo Stoppa
Pela primeira vez, em dois meses e meio de pesquisa do ambiente da eleição presidencial no Twitter, os apoiadores de pré-candidatos situados nos dois extremos do espectro político entraram em acirrado debate. A análise semanal da AJA Solutions aponta que, no centro dessas discussões, estão três temas, um memorando da CIA sobre o papel do general Ernesto Geisel e dois casos de violência, um no Rio, outro em São Paulo.
As discussões em torno desse temas influenciaram profundamente a dinâmica da visibilidade dos pré-candidatos nas quatro primeiras posições no ranking de visibilidade no Twitter. Identificado com esses três tópicos, o deputado Jair Bolsonaro provocou o debate e subiu de 2º para o 1º lugar no ranking de visibilidade e relevância, em meio a intenso apoio e, pela primeira vez, também alto volume de críticas.
Em uma declaração polêmica sobre o memorando da CIA, segundo o qual o general Geisel, presidente do Brasil entre 1974-1979, autorizou a execução de opositores durante a ditadura militar, o deputado disse: “Quem nunca deu um tapa no bumbum de um filho e depois se arrependeu?”
Também trazidas para o ambiente eleitoral, a morte de um assaltante em São Paulo, por uma mãe policial registrada em vídeo, e um roubo de celular que resultou na morte de uma jovem no Rio. Os dois provocaram fortes discussões sobre porte de armas, papel da polícia e caminhos de combate à violência entre os seguidores dos diferentes candidatos.
A intensidade dos debates, que podem ser observados no mapa de relevância e visibilidade (versão interativa disponível para assinantes), mexeu as posições do outro lado do espectro político. Guilherme Boulos, do PSOL, passou de 4º para 2º, e Manuela D’Ávila, do PC do B, caiu de 1º para o 4º lugar. O ex-presidente Lula, que estava em 5º na semana passada, subiu para o 3º, com sua relevância no cenário reforçada por seguidores que entraram na discussão e enfatizaram seu apoio a ele com a #lulalivre – a hashtag de maior visibilidade na semana.
Em 5º lugar, o presidente Michel Temer, que ficou fora desse debate central da eleição no Twitter, mas teve aumento de visibilidade por dois erros de comunicação. Um foi o tuíte em sua timeline com suas dicas sobre séries em serviços de stream, que ficou em 2º lugar no ranking de visibilidade impulsionado por comentários com deboches e memes. O outro erro foi o slogan “Brasil voltou, 20 anos em dois” de sua campanha para comemorar dois anos de governo, que perdeu a vírgula e também virou motivo de piadas na rede.
É de se notar o aumento do interesse pela eleição no Twitter: todos pré-candidatos ganharam seguidores, com exceção de dois, Marina Silva e Geraldo Alckmin, que perderam seguidores pela segunda semana consecutiva.