O afastamento do ex-ministro Aldo Rebelo do PSB anunciada com esta palavra na sua página do facebook nos primeiros minutos da tarde desta quinta-feira pegou a base do partido de surpresa e abriu uma crise profunda na agremiação. A atitude de Rebelo não é um ato isolado. Bota a crise partidária na rua.
Desde que se iniciou o movimento na cúpula peessebista para o lançamento da candidatura do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa à presidência da República, que os principais diretórios regionais do partido manifestavam suas discordâncias com a direção nacional.
A estratégia desses diretórios, que incluem São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo (onde tem forte candidatura ao governo do estado), Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina e Pernambuco, entre outros, era no sentido de compor fortes alianças regionais que lhes dessem espaço para a eleição de uma bancada numerosa na Câmara, algumas cadeiras no Senado e um rosário de deputados estaduais. A candidatura presidencial, imposta com mão de ferro pela direção nacional, anula essas possibilidades e coloca o partido em confronto com atuais aliados poderosos, como é o caso de São Paulo.
Embora oficialmente dissidente, Rebelo ainda não está oficialmente desfiliado; numa reversão desse quadro, deve ocupar um espaço importante no quadro eleitoral de São Paulo. O PSB paulista está atraindo uma numerosa e diversificada frente partidária.
A rebelião de importantes segmentos tucanos — a candidatura do ex-prefeito João Dória, pelo PSDB ortodoxo, pode fortalecer a candidatura do novo governador, Márcio França, do PSB, gerando uma chapa puro-sangue de socialistas. Neste caso, Rebelo poderia ser um dos candidatos a senador. Ele acrescenta à legenda novos segmentos originários de várias fontes.
Aldo Rebelo já foi identificado pelos marqueteiros como um nome forte para o segundo voto na eleição para o Senado, pois captaria eleitores desde a esquerda tradicional (como segundo voto de Eduardo Suplicy), passando pelo sindicalismo (mais de 50 sindicatos paulistas já lhe prestaram apoio formal) e, neste caso, no voto majoritário, chamando um novo eleitor para seu nome, a colônia nordestina. Com seu esforço de defesa da vaquejada, Aldo reafirmou sua origem alagoana. Até então era votado unicamente pelo eleitor ideológico e programático, sem identificação identitária.
O rompimento não beligerante de Aldo Rebelo já repercute entre os socialistas e deixa as lideranças regionais estarrecidas. Ele era uma aposta para o crescimento do partido. Esse fato vai pôr na mesa a questão da candidatura própria e o questionamento do nome do ex-ministro Joaquim Barbosa, que é o pivô da crise na legenda.
Neste sentido, é bom lembrar que Rebelo foi convidado a se filiar ao PSB como alternativa para uma candidatura presidencial. Ao se filiar, abriu essa possibilidade, oferecendo seu nome.
Por outro lado, Aldo Rebelo ainda é lembrado como alternativa partidária de vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin, em que comporia como nome nordestino.
Essa ação do ex-ministro, neste momento é um pavio aceso que pode inflamar o explosivo tanto em São Paulo como na esfera nacional do PSB. Muita água ainda vai rolar. Rebelo é uma peça importante e não está isolado. Nem sozinho.