Nos últimos dias, com as atenções voltadas para a prisão de Lula e tudo que a envolve — de São Paulo a Curitiba, de Brasília a todo o Brasil — uma série de fatos também relevantes ganhou destaque discreto no noticiário. Por exemplo, a decisão da ex-presidente Dilma Rousseff em candidatar-se a uma das duas vagas para o Senado em Minas Gerais na eleição de outubro próximo.
Embora tenha nascido em Minas, Dilma mora em Porto Alegre, onde matinha seu domicílio eleitoral. Para cumprir a lei, teve de transferi-lo para Belo Horizonte em tempo de estar apta a concorrer ao mandato parlamentar. O próximo passo é a ex-presidente fazer, em breves dias, o registro de sua candidatura no tribunal eleitoral mineiro. Resta, porém, dirimir a dúvida de que esta será aceita e homologada pela justiça.
No entendimento de alguns analistas, a situação de Dilma Rousseff suscita discussão. Ela sofreu impeachment e foi destituída da Presidência da República, em 2016. Porém, seus direitos políticos foram mantidos. O certo é que haverá acirrada batalha na área da justiça eleitoral.
Em Curitiba, onde foi participar das manifestações de apoio ao ex-presidente Lula, preso na sede da Polícia Federal, Dilma disse em entrevista: — Vocês podem ter certeza. Campanha eu vou fazer, candidata ao Senado ou não. Porque eu acho que o Brasil precisa se reencontrar consigo mesmo.
Portanto, no caso de Aécio Neves tentar mesmo sua reeleição para o Senado também por Minas Gerais, o Brasil verá — dessa vez no plano estadual — novamente a disputa que se deu na eleição presidencial de 2014, da qual Dilma saiu vendedora.
Outra notícia que ficou praticamente ofuscada pelo olhar quase exclusivo para as marchas e contramarchas da prisão de Lula foi o lançamento da candidatura de Marina Silva à Presidência da República. E também a filiação do ex-ministro do Supremo, Joaquim Barbosa, ao PSB. Aliás, a chegada de Joaquim ao PSB, levou nessa semana a saída de Aldo Rebelo do partido.
E ainda a nova configuração dos partidos no Congresso, após o fechamento da janela que permitiu a parlamentares mudar de partidos sem problemas com a justiça eleitoral. Pouco se noticiou, por exemplo, que o MDB deixou de ser a legenda com maior número de parlamentares na Câmara. Agora tem 52 deputados. O DEM, 44. O PP aumentou para 51 e o PT passa a ser o mais numeroso, com 58. Esses números, porém, ainda não foram confirmados pelo TSE.