Para não correr o risco de errar nomes ou confundir o personagem, vou tentar reconstruir de memória uma história de Pernambuco, omitindo o nome do cidadão. Afinal, tenho muitos amigos de lá, até parentes. Inclusive, meu pai estudou no Recife, no tradicional colégio Americano Batista, e bateu uma bolinha no Leão do Norte. Além do mais, sou de uma época em que a capital pernambucana era também a capital do Nordeste. Mas isso é pouco. Conscientes de que saíram de lá os fundadores de Nova Iorque, garantem ser também a capital do mundo. Alguns mais modestos, afirmam que lá nasce o oceano. Então, voltando ao nosso personagem, reza a lenda que ele, bem jovem, preparava-se para partir em busca de mais sabedoria ainda. E haja festas de despedida. Na última, foi chamado de lado pelo seu velho e sabido pai, que lhe deu um valioso conselho:
– meu filho, aonde você for, evite dizer que é pernambucano.
Sem esconder a curiosidade, o filho atento indagou:
– por quê?
E o experiente senhor cravou:
– para não parecer soberba.
Pronto, chegou aonde eu queria: a tal da soberba. É inacreditável como a soberba conduz à ignorância e à prepotência. Nenhum adepto do PT aceita discutir a irresponsabilidade fiscal, a responsabilidade pela maior recessão nunca antes vista na história deste país, os milhões e milhões de desempregados, uma política ambiental danosa e equivocada, a aposta num transporte individual para favorecer montadoras em detrimento de trilhos, a louvação cretina do culto à personalidade e por aí vai. A soberba serve de trincheira para evitar o debate, o confronto de ideias, de posições políticas. Protegidos nessa jaula entrincheirada, respondem aos contrários com platitudes. Os adversários são tachados simplesmente de reacionários, de direita, ou com esta pérola da pouca inteligência antagonista, o tal Coxinha. Comportam-se exatamente como outro tipo de salgadinho, o Enroladinho. Esperar alguma lucidez de fanáticos assim é como esperar neve no sertão. O raciocínio raso leva a respostas simplistas. Querem caracterizar como defensores dessa excrescência chamada Bolsonaro quem critica Lula. Quando a realidade é exatamente outra. A candidatura do capitão que exalta torturadores só existe por causa da candidatura do antigo operário.
Hoje, o salve é para dizer que a ficha limpa não vale. A lei é interpretada de acordo com a situação jurídica do ex-presidente. Não percebem que afundaram a esquerda e querem levar junto o Poder Judiciário. A soberba não deixa ver que viraram malandros. São, definitivamente, malandros agulha, não perdem a linha. E nem a empáfia