Com a divulgação da equipe ministerial de Michel Temer, os preteridos não entregaram os pontos. Partiram para cima dos articuladores políticos do futuro governo cobrando a substituição dos escolhidos de seus próprios partidos. Quem está dentro não admite sair. Alguns chegaram a propor que as nomeações saiam logo em uma edição extra do Diário Oficial, antes mesmo de a presidente Dilma Rousseff ser oficialmente afastada pelo Senado Federal. “Coisa de louco, né. Mas a pressão está insuportável. Serão longas 24 horas nesse caldeirão”, nos disse há pouco um dos negociadores de Temer com a nova base aliada. Nem o rateio de cobiçados cargos de segundo escalão está aplacando o apetite da turma. É o caso, por exemplo, do PTB, na indicação do ministro do Trabalho. O escolhido é o deputado Alex Canziani (PR), bancado pelo líder do partido, Jovair Arantes, em nome da bancada. Mas, o presidente do partido, Roberto Jefferson, continua brigando para emplacar o deputado Benito Gama (BA).
A bancada do PMDB mineiro não se conforma em não participar no primeiro escalão do governo. Primeiro, eles pediram diretamente a Michel Temer o Ministério da Educação e Cultura. O vice-presidente não topou, porque já tinha se definido pelo deputado Mendonça Filho, do DEM. Agora, os deputados mineiros estão reivindicando o Ministério da Defesa e, em nota à imprensa, indicaram o deputado Newton Cardoso Jr., nome que não é do agrado dos militares.
Na realidade, os militares queriam emplacar um deles no Ministério da Defesa. Temer não aceitou, porque a tradição é que a pasta da Defesa seja chefiada por civil. Aconselhado pelo ex-ministro Nelson Jobim, o vice-presidente escolheu como cota pessoal o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), com bom trânsito entre os comandantes militares.
Em meio a essa apreensão, Michel Temer já está convocando seus futuros ministros para a posse amanhã, às 15 horas, no Palácio do Planalto.