Num estranho vídeo publicado nesta quinta-feira (18) no blog do jornalista Gerson Camarotti, o líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), faz um resumo preciso do tamanho do rolo político que provoca essa história do Caixão (Helena Chagas foi absolutamente precisa: o nome vai pegar! Aqui, já pegou). Diga-se: o vídeo é estranho na sua forma, a imagem é gravada de baixo para cima.
Já tínhamos comentado por aqui como a pressão política vai complicando ainda mais a vida do presidente Michel Temer. Seja no rolo da nomeação da deputada Cristiana Brasil (PTB-RJ) seja na história do Caixão, um grande problema é a necessidade de construção da maioria na base política num tempo de escolha na bacia das almas. Num ano de eleição, o governo Temer tem baixa popularidade. Os partidos pendurados no poder não querem largar o osso. Mas, ao mesmo tempo, hesitam em emprestar um apoio incondicional que compromete suas chances no pleito. Aumentam o calor da pressão.
O PR no momento ainda não definiu quem apoiará nas eleições presidenciais. Avalia até mesmo a hipótese de vir a apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nas duas vezes em que Lula foi eleito, era o PR seu parceiro, com o vice José Alencar. Mas, como mostra José Rocha no vídeo, quer manter seus nacos de poder preservados. Pressiona Temer porque entende que o presidente e seu governo precisam do partido. E, de fato, precisam.
Assim, mantém a indicação da vice que indicou, Deusdina dos Reis, fazendo a ressalva de que assim será se, ao final do processo, ela sair isenta da apuração. Em caso contrário, quer manter o direito de fazer nova indicação para o cargo. Essa pressão não é só do PR. Os partidos da base de Temer ameaçam não votar a reforma da Previdência caso percam o poder de indicar os nomes para a Caixa Econômica Federal.
Veja-se o tamanho da complicação. Mesmo depois da denúncia de existência de um esquema de desvio de recursos na Caixa, os partidos e seus políticos insistem em manter intacto o sistema e os mecanismos que produziram tal esquema. E, se o governo vier a resistir, declaradamente corre o risco de perder os apoios que tem.
Diga-se em defesa do atual governo que está longe de ser uma particularidade sua a indicação política para cargos que deveriam ser técnicos como esses do Caixão. O atual ocupante de uma cela no presídio da Papuda Geddel Vieira Lima foi vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa no governo Dilma Rousseff, para citar um exemplo. Ao contrário, essa prática rotineira é uma de nossas tragédias…