Cada um no seu quadrado, natureza e política têm seus próprios ciclos em Brasília. Assim como a grama renasce com as primeiras chuvas, sempre que os políticos entram em férias desabrocham as flores do recesso – são factoides que parecem surgir do nada, crescem rápido e costumam murchar após o Carnaval.
As previsões eram de que, nesse chuvoso janeiro, as tais flores — frutos da temporada de seca de notícia – só brotariam após o novo julgamento de Lula, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, marcado para o dia 24, em Porto Alegre.
Henrique Meirelles chegou a ser irrigado em programa partidário na tevê, Luciano Huck — sem sair do casulo — recebeu superdose de adubo no Faustão, mas foi Rodrigo Maia quem primeiro germinou.
Para quem fechou o ano se dizendo sem tamanho para uma corrida presidencial, a guinada foi bem rápida. De repente, Rodrigo viu uma avenida para seu fusca em uma pista, mesmo esburacada, em que se esperava máquinas de maior porte, nenhuma Ferrari.
Nesse embalo, quem se prepara para brilhar nos ensaios pré-carnavalescos ou ganhar músculo para a volta do batente entra em cena. Assim, Marcelo Crivella e Paulinho da Força Sindical se apresentam como abre-alas. Aproveitam os holofotes enquanto a bateria nem sequer aqueceu.
Mais pragmática, a turma do Centrão bate discretas palmas para Rodrigo Maia enquanto valoriza o próprio passe em um jogo indefinido. Na ótica deles, esse é um porto seguro enquanto barganham com forças com mais peso político e eleitoral.
O governo Temer vai na mesma toada.
Quem fica na berlinda é Geraldo Alckmin e os tucanos que, a exemplo do PT no polo oposto, sempre esperaram adesão automática da turma sobre sua área de influência.
Rodrigo Maia resolveu surfar na própria onda. Deixou a timidez de lado, vestiu a roupa do pai César Maia, um cultor de factoides, e se tornou a primeira flor desse recesso.
A dúvida é até quando consegue desfilar nessa passarela.
A conferir.