Tudo pelo meu social I. Um servidor público hiperprivilegiado pode dizer que não está nem aí para a opinião pública. É um debochado, mas coerente. É o caso daquele juiz do Mato Grosso que ganhou num único holerite R$ 500 mil.
Tudo pelo meu social II. Há, no entanto, servidores que ganham R$ 23 mil, R$ 33 mil, que fazem discurso pelo social e dizem estar ao lado das “esquerdas” contra o “governo das elites”. São debochados, mas incoerentes. Se pregam de fato a justiça social deveriam começar por defender o fim de seus hiperprivilégios, que cerceiam o direito à saúde e à educação justamente dos desvalidos.
Tudo pelo meu social III. À esquerda festiva se juntam o sufeta de Curitiba, Sérgio Moro, e seu escudeiro, Deltan Dallagnol. Se querem mesmo moralizar o Brasil, os dois deveriam começar por defender o fim das superaposentadorias de juízes e procuradores. E propugnar o fim do auxílio-moradia para quem já tem casa própria.
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Saúde é o que interessa. Num mundo onde a falta de exercícios físicos provoca um punhado de doenças, reprimir a “pipoca” na tradicional corrida de São Silvestre, em São Paulo, parece não ser (e não é) a melhor alternativa. Milhares de pessoas querendo correr, exercitar-se, é solução, não problema.
Último emedebista. Na convenção do PMDB – aquela que removeu o P da sigla -, Michel Temer desceu até à plateia e misturou-se aos convencionais. Seu alvo, no entanto, foi reverenciar o velho militante do MDB, Pedro Simon. Ironia, Simon é um dos últimos representantes do verdadeiro MDB – que agora jaz insepulto.
Jogo alheio. Ao votar contra a reforma da previdência, deputados governistas fazem o jogo do PT. Beneficiam as corporações de servidores públicos e deixam a economia do País em compasso de espera por 2019, quando o tema voltará à baila. E não ganham mais votos por isto, já que aquela turma costuma aninhar-se nas chamadas esquerdas, que tradicionalmente defendem os privilégios da burocracia.
“Mais produtivo o edil [Nelson Marchezan Jr.]
cuidar do dilema shakespeariano do PSDB:
ser ou não ser Temer?”
Porto Alegre… O duelo entre Nelson Marchezan Jr., prefeito de Porto Alegre, e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, mostrou dois fios desencapados. De um lado, um pedido intempestivo e improcedente do prefeito, que pleiteou tropas do Exército para conter manifestantes lulistas. Se houver necessidade de contenção, a tarefa é dos brigadianos, não de milicos. Mais produtivo o edil cuidar do dilema shakespeariano do PSDB: ser ou não ser Temer?
… ou Caracas? Do outro, o símbolo do declínio do PT. O partido conta com Patrus Ananias e Olívio Dutra (já teve Marcelo Déda), mas preferiu eleger à presidência da sigla uma senadora denunciada por corrupção. De qualquer jeito, se ela realmente acredita que o Brasil vive um “golpe” e a Venezuela tem democracia “em excesso”, que tal pleitear o método bolivariano de lidar com manifestantes? O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, tornou-se expert em reprimir com eficiente violência manifestações de oposicionistas.
Lula, o onipresente. Trata-se este do primeiro de muitos duelos que o onipresente Luiz Inácio Lula da Silva irá provocar. O confronto entre o prefeito e a senadora é apenas um esquenta. Enquanto Lula for líder de massas nada de importante acontecerá em Pindorama sem sua participação.
Antonio Negri. Do marxista italiano Antonio Negri: “Como professor de direito constitucional, eu me pergunto: Como é possível que alguém, para governar um país, precise ter dinheiro para pagar essa quadrilha de deputados“. Para ele, a experiência petista se exauriu. Talvez. Mas o PT, enquanto Lula arrebatar milhões de eleitores, permanecerá ativo.