Minas pode ainda dar a volta por cima. Tem uma carta na manga. Um plano B do Plano B está sendo gestado com toda a discrição típica dos mineiros para o caso de as opções paulistas do PSDB naufraguem afogadas em escândalos ainda por vir ou inviabilidade eleitoral. O nome que circula e está cuidadosamente preservado é do senador Antônio Anastasia, o discreto, que se converteu em referência no Congresso Nacional.
Consagrado em Minas Gerais como gestor de governos políticos, foi uma peça chave por trás do êxito administrativo dos governos Hélio Garcia e Aécio Neves, emergindo como político de grande vigor eleitoral ao ser eleito vice-governador, em 2006, e, posteriormente governador em 2010 e senador em 2014.
Com atuação discreta, mas firme, no processo de impeachment de sua conterrânea Dilma Rousseff (que curiosamente em 2010 compôs informalmente com ele uma fórmula eleitoral denominada “Dilmasia”, ou seja, Dilma presidente e Anastasia governador, embora de partidos antagônicos), Anastasia emergiu desse processo como um homem de pulso firme, com densidade intelectual e política, consagrando-se como uma das figuras mais acatadas e significativas no Parlamento.
Seus admiradores dizem, à boca pequena, que “Anastasia é o Aécio descascado”, ou seja, o senador era o conteúdo por baixo da pele da figura charmosa de seu líder nas suas gestões como governador de Minas Gerais.
Com o ocaso da figura de Aécio Neves, o ex-governador aparece como grande figura alternativa para várias opções eleitorais, em 2018. Mais obvia seria pleitear novamente o governo de Minas caso a nova candidatura de Aécio Neves ao Palácio da Liberdade não se concretize e o neto de Tancredo Neves tenha de tentar a reeleição para o Senado Federal. Com Anastásia na chapa a recondução de Aécio pode ser uma possibilidade.
Entretanto, Aécio ainda não desistiu da luta e se propõe a disputar o governo do Estado, confiando na máxima de que tem sete vidas. Terá de vencer obstáculos judiciais e políticos, mas vai se enfrentar com um candidato igualmente maculado, o atual governador Fernando Pimentel.
No cenário nacional Anastasia ainda é uma figura em formação. A seu favor tem um nome limpo, duas vezes excluído de inquéritos porque a acusação era demasiadamente frágil. Em 15 de outubro de 1015 o Supremo deu uma ordem para que a Polícia Federal parasse de perseguir o ex-governador com acusações esfarrapadas. Antes o próprio Rodrigo Janot, o implacável, mandara arquivar aquelas denúncias de um pé-de-chinelo dizendo que entregara um pacote a uma pessoa parecida com Antônio Anastasia. Ou seja: Se metrôs e outros trens descarrilarem em São Paulo, o mineiro pode ser lançado como um não-político. Depois de o paulista Michel Temer, outro mineiro para o café com leite.