Nem Luciano Pavarotti ou o lendário Enrico Caruso soariam tão afinados e melodiosos quanto o deputado Jair Bolsonaro falando aos ouvidos dos senadores e deputados integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária, a popular bancada ruralista, num almoço-debate nesta terça feira, em Brasília.
Como num solo à capela o capitão-candidato desfiou loas de amor aos transgênicos, propósito de estancar novas reservas territoriais e diminuir áreas de reservas indígenas, quilombos e áreas de preservação, a disposição de matar a míngua os acampamentos do MST, que, segundo ele e seus ouvintes são alimentados por verbas públicas.
Claro, em se tratando das riquezas minerais escondidas sob áreas indígenas e reservas florestais, Bolsonaro não se esqueceu de citar o nióbio, seu metal de preferência. Disse que brevemente visitará o Japão onde se produzem bijuterias com nióbio, uma matéria prima hoje mais cara do que o ouro na ourivesaria internacional.
Segurança às fazendas, hoje à mercê de quadrilhas de ladrões de gado e de equipamentos nas propriedades rurais (o segmento mais abandonado pela segurança pública, disse), facilitando o treinamento e equipamento dos ruralistas e seus empregados para a defesa pessoal e patrimonial, combate ao contrabando, obras de infraestrutura para transporte de safras e fortalecimento da classe rural. Isto é um resumo resumido dos itens mais relevantes.
O evento, realizado na sede da Frente Parlamentar da Agropecuária, no Lago Sul, em Brasília, reuniu as bancadas e líderes ruralistas de várias regiões do país. É parte de um projeto da Frente de levar para encontros cara a cara todos os pré-candidatos a presidente. Foi anunciado que o próximo debate será em 18 de janeiro, com um dos pré-candidatos do PSB, o ex-ministro Aldo Rebelo.
O encontro, de fato, foi mais uma celebração do que debate. A grande maioria das perguntas dos deputados, depois da apresentação de Bolsonaro, foi de elogios e, em muitos casos, de apoio efetivo à sua campanha.
Bolsonaro encampou e afirmou apoio a todas as teses e questões levantadas pela plateia de parlamentares, deputados e senadores de vários partidos e de todas as regiões do País. Nem mesmo suas carências teóricas sobre temas relevantes da administração pública, como economia, foram levadas em conta. Pelo contrário, os parlamentares afirmavam que isto não seria essencial, mas sim um posicionamento político.
No entanto, alguns deputados, em privado, afirmavam concordar com o discurso, mas não garantiam que estariam com Bolsonaro no pleito. A maior parte desses citava o nome de Geraldo Alkmin como o preferido da categoria.