Se Luciano Huck não tomar cuidado, vai acabar virando um João Dória nas mãos do establishment. Qual foi o problema principal de Dória? Queimou na largada da corrida presidencial porque foi com muita sede ao pote, deixou claro que só pensava em ser candidato a presidente da República, acima de tudo e de todos, forçou a barra e ficou over. Virou o candidato a candidato do sistema, aquele que achava que poderia virar o anti-Lula, enquanto o ex-presidente crescia nas pesquisas contra tudo e contra todos. Desgastou-se.
A manchete de hoje do Estadão, anunciando que “aprovação a Huck dispara e chega a 60%” mostrou quem é o novo queridinho do establishment e o desespero dessas forças para achar seu anti-Lula. Quando se vê de perto a pesquisa do Instituto Ipsos, percebe-se que é o ranking habitual de aprovação das personalidades brasileiras, feito mensalmente sob a pergunta “aprova ou desaprova a maneira como atua no país?”. Não mede intenção de voto. Como diz até o diretor do Instituto, agora é preciso ver se essa aprovação – atribuída, sim, ao fato de Huck ter exposto seu nome como alternativa – vai se converter em votos.
Longe de mim subestimar o potencial da candidatura Huck, esclareço antes de começar a pancadaria. Ele é viável e pode vir a ser um forte candidato. Temos obrigação de pelo menos ouvir o que tem a dizer. Mas deve tentar escapar à armadilha de entrar no jogo com carimbo de candidato do establishment e candidato da Globo.
Esse desespero todo das forças anti-Lula, e essa marca, pode não ajudá-lo mais adiante. Nem muito menos a ansiedade de quem quer vendê-lo antes da hora. Até porque, esta,os cansados de ver, o establishment se apaixona e se desapaixona por candidatos com enorme volubilidade, e costuma abandoná-los assim que encontra outro que considera mais viável.
Em eleição, tudo o que é artificial, exagerado e forçado – como foi a pré-candidatura Dória – acaba se desmanchando no ar. Cuidado, Huck!