Certamente não é uma exclusividade do Distrito Federal o quadro mostrado pelo Correio Braziliense em pesquisa que divulgou na sua edição de domingo (9). De acordo com a pesquisa, nada menos que nove entre dez eleitores da capital ainda não têm a menor ideia sobre quem será seu candidato nas próximas eleições. Fosse realizada em qualquer outra unidade da Federação, a pesquisa provavelmente não daria resultado muito diferente.
Na verdade, a pesquisa parece reflexo de algo que já se verificava nas últimas eleições municipais. Em dez capitais brasileiras, o número de pessoas que não escolheu nenhum dos candidatos a prefeito foi maior que o número daqueles que elegeu o novo administrador. E isso não aconteceu nas capitais menores. Foi assim em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Porto Alegre, em Curitiba…
A essa altura, dois problemas se repetem em todos os lugares. A sucessão de escândalos que a Justiça investiga – que da Lava-Jato desenrolam-se em diversas outras situações regionais – colocou na berlinda ou mesmo fora do páreo muitos candidatos tradicionais. Então, o eleitor não sabe ao certo quem será candidato.
E o segundo problema é o desencanto. A sucessão de escândalos põe em xeque o modo como tradicionalmente se faz política. E, nesse sentido, não preserva quase ninguém. Diante da lama suprapartidária, boa parte do eleitor não consegue enxergar quem se diferencie.
No caso da pesquisa em Brasília, ela mostra todos os possíveis candidatos com taxas de rejeição acima de 50%. Mesmo no plano nacional, as pesquisas têm mostrado os possíveis nomes também com altíssimas taxas de rejeição. Mesmo o ex-presidente Lula, que tem liderado a maioria das pesquisas, tem um número maior de pessoas que não votariam nele de jeito nenhum do que de pessoas que cogitam escolhê-lo como candidato.
No momento em que o presidente Michel Temer vai repetindo o calvário da falta de condições de governabilidade que antes atingiu Dilma Rousseff, o quadro que se apresenta para as eleições do ano que vem tem esse grau de incerteza. Ou esse grau de certeza: a certeza de que o eleitor considera que a política, do jeito que está, não dá mais para ficar.