Brasileiro honesto I. Escolher um substituto para o presidente Michel Temer, caso este deixe a presidência da República, que seja ou possa vir a ser alvo da Operação Lava-Jato é rematada irresponsabilidade. Diante do protagonismo do Ministério Público, o novo mandatário passaria a ser alvo de novas investigações e, com elas, chantagens. De quantos presidentes o Brasil precisa?
Brasileiro honesto II. Se a escolha vier pela via direta, como agora defende o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, nada resta a não ser dar de ombros. A vontade popular pode ser irresponsável, mas assim funciona a democracia.
Brasileiro honesto III. No entanto, se a opção partir do Congresso Nacional, pela via indireta, revelará parlamentares a flertar com a anarquia – ou a anomia, como diagnosticou FHC. A não ser que, como forma de bagunçar o coreto, seja exatamente este o alvo de deputados e senadores.
Temer é isto aí. Os tempos são de tamanha imprevisibilidade que não se sabe quem será o presidente da República mês que vem. Porém, se Michel Temer prosseguir mandatário, teremos duas probabilidades: a economia continuará em lenta recuperação; o meio ambiente e os direitos humanos, escanteados.
Intocáveis. O STF tem o direito de afastar integrantes do Parlamento sem base legal, mas a Câmara não pode arguir um ministro da Suprema Corte suspeito de se relacionar com um empresário confessamente criminoso. Donde se conclui que (1) juízes de tribunais superiores são intocáveis e (2) atos de retaliação são vetados ao Legislativo, mas não aos demais poderes (MP e mídia inclusos).