Na discussão das táticas para o julgamento de amanhã no TSE, advogados ligados ao Planalto estão concluindo que o mais acertado, para o presidente Michel Temer, será testar sua maioria no plenário com uma questão de ordem pedindo a retirada do processo dos depoimentos dos executivos da Odebrecht e dos marqueteiros João Santana e Monica Moura. O argumento é que esses depoimentos não tem relação com o que pede a inicial do processo. Na prática, esvaziaria a ação de seu principal conteúdo, abrindo caminho para uma absolvição da chapa Dilma- Temer.
Segundo interlocutores dos advogados, o Planalto calcula que poderia ter até cinco votos favoráveis nessa preliminar, só não contando com os do relator Herman Benjamin e da ministra Rosa Weber. Além de enfraquecer a acusação, a questão de ordem daria mais tempo ao governo, já que Benjamin, com a retirada desses depoimentos dos autos, teria que refazer o seu voto – que todo mundo sabe ser pela condenação.
Só falta combinar com os russos – que, neste caso, estão espalhados por todos os cantos. Há quem defenda que Temer, se sentir ter maioria para a questão de ordem, trabalhe para passar logo para a votação do mérito que pode absolvê-lo já nesta semana.
Sob esse ponto de vista, o tempo corre contra o presidente da República, sobretudo diante da possibilidade de a PGR – que está trabalhando numa denúncia ao STF – ter outras gravações e elementos contra ele que podem ser divulgados a qualquer momento. Sem falar na imprevisibilidade do principal dos russos, o ex-deputado Rocha Loures, que vai depor já na quarta-feira e pode decidir-se por uma delação premiada.