Politólogos, políticos e seus agregados não se cansam de bradar por uma reforma política. Reclamam num mesmo texto do excesso de partidos, da crise da representação. Na vanguarda desse movimento estão o PSDB, o PMDB, o DEM, que também podem ser qualificados de “partidos entre e sai” ou “vai e vem”.
Mas ao mesmo tempo alguns dos seus dizem que a forma de fazer política mudou com a participação crescente das redes sociais. Elas subverteram a ação política. Passaram por cima da tradicional sociedade organizada: partidos, sindicatos, associações.
É isso, o tempo passa e tempo voa, a realidade mudou e as propostas de reforma política contemplam o passado. São as mesmas. Ao limitar a quantidade de partidos, se pretende impedir a participação institucional das redes sociais? Ou se pretende que elas sejam obrigadas a chegar ao Congresso via partidos? Mas como?
A manifestação pelas redes sociais parte daqueles, que mesmo defendendo as teses de partidos, abominam os partidos. O monopólio da representação. O direito exclusivo do mercado político. A reserva de mercado do Congresso. As cláusulas de barreiras. Essa é a síntese das reformas políticas em debate.
Essas propostas não consideram o que a sociedade quer. Esta não quer limites, quer mais espaço. Governos, partidos e políticos precisam aprender a trabalhar em minoria, ter capacidade de dialogar, trabalhar em cima de ideias e propostas, com coerência e correção. Este é o recado das ruas.
A reforma política em debate é restritiva. Ela quer eliminar partidos, mas não tem proposta para incorporar milhares de correntes que se expressam pelas redes sociais. Ela quer que as redes sociais deleguem para o passado sua representação.
A pulverização poderia, em parte, ser reduzida com a união de diferentes grupos que se manifestam nas redes sociais. Mas no debate político tradicional, um dos pilares é a proibição de coligações.
Passa boi, passa boiada e os vaqueiros da reforma política não querem ver. Desse jeito vão cair do cavalo. O tempo passa, o tempo voa, e os que já dançaram acham que continuam numa boa. Professam velhas soluções para novos tempos.