Volta, Lula? Não seria Volta, Dilma?

Lula e Dilma: quatro governos do PT - Foto Orlando Brito

Certamente houve um equívoco no manifesto assinado por artistas e intelectuais que apelam a Luiz Inácio Lula da Silva para que se candidate à presidente da República em 2018. Confundiram criador com criatura. A lógica de todo discurso pregresso da sinistra indica como mais justo não o “Volta, Lula”, mas “Volta, Dilma”.

Segundo pregam os signatários, a presidente Dilma Rousseff foi injustiçada ao ser deposta pelo Congresso Nacional. A chancela do Judiciário ao impeachment foi considerada traição. O povo nas ruas a gritar “Fora, Dilma”, armação da mídia. Já Lula cumpriu integralmente seus mandatos presidenciais.

Sendo Dilma uma legítima “guerreira do povo brasileiro” deposta por um “ato ilegítimo”, a história não poderia ser mais consequente oferecendo à Nação oportunidade para reparar o equívoco. Caso o presidente Michel Temer ainda esteja no comando da Nação em 2018, quando haverá eleições presidenciais, o cenário para o desagravo seria perfeito.

O Brasil estaria diante de um julgamento natural da história. De um lado, o “usurpador”, ele mesmo candidato ou como cabo eleitoral de algum correligionário. Do outro, a “injustiçada”. A contenda seria decidida por 144 milhões de eleitores.

Temer poderia provar que seu mandato teria sido legítimo; sua vitória indicaria aprovação a suas reformas. Dilma, por seu turno, poderia defender seu legado; vitoriosa, estaria cacifada para retomar os projetos que alinhavou, mas não conseguiu executar.

Antes que esse confronto histórico advenha, uma correção se faz necessária. Em vez do “pró Lula”, como consta na petição virtual, há que apor o “pró-Dilma”. Depois é só esperar 2018 e deixar os eleitores decidirem. Que vença o melhor; ou o menos pior.


Publicado no Blog do Moreno / O Globo.

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