O ministro Teori Zavascki já havia deixado claro a interlocutores que aceitaria o pedido do Ministério Público e suspenderia o sigilo das delações da Odebrecht logo que concluísse os procedimentos de sua homologação, ainda em fevereiro. O establishment político, preocupadissimo, preparava-se para esta hecatombe. Agora, no mínimo, esse momento – e a crise política que viria com ele – foi adiado.
Poucas horas depois da inacreditável tragédia que vitimou o ministro Teori, começam a se formar alguns consensos em Brasília. O principal deles é o de que a Lava Jato não vai parar, mas seus acusados, sobretudo aqueles que estão no governo e em sua base, vão ganhar um tempo precioso – que pode significar sua sobrevivência, e a do próprio governo, até as eleições de 2018.
Seja quem for, o relator que substituirá Teori à frente da Lava Jato levará alguns dias até ser escolhido. Depois disso, ainda terá que ter tempo para se familiarizar com o enorme e complexo processo. Mais ainda, vai ter que ler os mais de 800 depoimentos dos executivos da Odebrecht e reiniciar as audiências de homologação interrompidas com a morte de Teori.
Mais importante ainda: o novo ministro relator não tem a obrigação de fazer o que Teori faria, suspendendo o sigilo da delação. Terá a prerrogativa de decidir isso, e poderá até ser convencido a fazer o contrário, dando aos acusados e mencionados mais tempo de sobrevivência e, sobretudo, de articulações para aprovar uma anistia ou caixa 2 ou outra saída semelhante.
A decisão vai depender desse sujeito, que muito provavelmente será um dos atuais ministros do STF escolhido por sorteio – e esse é um outro consenso que começa a se firmar em Brasília entre especialistas e conhecedores do Supremo nas últimas horas.
Mas uma coisa é certa: quem esperava ser decapitado já em fevereiro, com a suspensão do sigilo da delação do fim do mundo, voltou a respirar.
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