Pelo menos na administração pública, o argumento de que não há crime porque ele não foi consumado é frágil. A alegação de Geddel Vieira Lima, endossada por Michel Temer, é de que, pressão indevida ou não, como nada foi perpetrado no Ministério da Cultura, esquece.
Como assim? Numa das áreas urbanas históricas do país, onde o gabarito autorizado estava no limite, multiplica-lo por três em si era um problema. Por mais que as circunstâncias regionais o minimizassem. Tanto era que a questão chegou como um pedido de socorro a direção nacional do IPHAN.
Aí, por cinco vezes, Geddel telefonou para o colega Marcelo Calero para “ponderar” pela elevação do gabarito. De acordo com a versão dele, menos pelo interesse pessoal, porque tinha reservado um apartamento no tal empreendimento, do que para assegurar empregos aos pedreiros e outros trabalhadores em Salvador.
Mais ainda: era uma preocupação com a segurança jurídica para quem comprou unidades em um empreendimento ainda sub judice.
Fica no ar uma dúvida: Geddel ligou a Calero para ponderar, pedir ou pressionar por algum outro empreendimento comercial na Bahia ou em qualquer lugar país afora?
Por mais que o Palácio do Planalto tente pôr um fim nesse episódio, Geddel continua na corda bamba. Até porque também é alvo de fogo amigo. É assim a vida entre os condôminos do poder. Em todos eles.