O financiamento público das campanhas eleitorais sempre foi um tabu no Brasil. Há muito tempo, bem antes de a Lava Jato comprovar de forma escandalosa a conexão entre eleição e corrupção, já se discutia o fim das contribuições empresariais e a instuição do financiamento público. Mas a ideia sempre esbarrou no óbvio: a reação do grande público quando ele perceber que o dinheiro que ele paga em impostos, e que deveria ir para saúde, educação, segurança, está sendo usado para bancar as campanhas de políticos corruptos.
Pois é exatamente isso que vai acontecer agora. Numa estratégia engenhosa, que começou com o fim do financiamento empresarial e deixou a eleição municipal de 2016 à míngua, o establishment político agora vai propor a criação do Fundo Eleitoral, com valor em torno de R$ 3 bilhões.
Não confundir com o Fundo Partidário, que vai continuar existindo do jeito que é hoje. Será uma dotação específica para cada eleição, com critério de distribuição dentro de cada partido definido por lei.
A proposta foi apresentada pelo ministro Gilberto Kassab, mas tem o apoio geral dos líderes e caciques partidários, que depois dos avanços da Lava Jato e da eleição municipal mais barata entenderam que o fim do financiamento empresarial é irreversível. O assunto deverá ser incluído na reforma política meia-sola que o Congresso deve votar até o fim do ano e tem todas as chances de ser aprovado, pois nunca houve clima tão favorável. No meio de outras propostas, o assunto fica mais palatável.
Como se vê, não existe almoço grátis. E quem vai pagar a conta é você.