O Planalto começa a admitir a possibilidade de editar medida provisória liberando o crédito de R$ 700 milhões para o Fies, como sugeriu o presidente do Senado, Renan Calheiros, depois que não houve quorum no Congresso para votar o projeto de suplementação orçamentária. O problema é que, depois que Dilma Rousseff sofreu impeachment com base em pedaladas e decretos considerado irregulares de liberação de verbas, Michel Temer morre de medo da caneta.
O certo é que o crédito seja liberado por lei. Mas não seria nem a primeira nem a última vez em que se usaria o expediente da MP para apagar um incêndio em algum programa fundamental do governo.
No caso, é um incêndio e tanto. O FinaNciamento Estudantil, programa criado no governo Lula e expandido por Dilma, é um dos principais instrumentos de acesso de estudantes de baixa renda ao ensino superior. O crédito e as condições de pagamento são facilitados, e o aluno só começa a pagar depois de formado.
Mas há indicações de que o número de beneficiados vem decrescendo com a crise. O censo escolar divulgado hoje, por exemplo, mostrou uma queda de 7% do número de matrículas no ensino superior de 2015 em relação a 2014. Uma queda iniciada já no governo anterior, puxada justamente pelas faculdades particulares, onde estudam os mais pobres, graças ao Prouni e ao Fies.
No entorno de Temer, há quem pense que é melhor correr o risco de fazer uma MP questionável do que virar coveiro do Fies.