Como sempre, o PT tenta de novo armar uma frente ampla no papel, mas que na prática lhe assegura a hegemonia em todos os governos que elege. A cartada que agora parece ter revertido esse jogo foi o erro de cálculo para tornar a senadora Simone Tebet e a ex-ministra Marina Silva, que tiveram papéis decisivos na eleição de Lula, concorrentes pelo Ministério do Meio Ambiente. Deu ruim.
O PT olhou para o próprio orgulhoso umbigo como espelho para atrair Marina e Simone que não dependem de fisiologismo barato. Só a baixa política no petismo justifica a tentativa de veto à escolha de Marina Silva para o Ministério do Meio Ambiente. Simpatias e ojerizas à parte, ela sempre encarnou as melhores lutas em defesa da Amazônia e outras causas aqui e alhures, em grande parte responsáveis pela fama ambiental do PT mundo afora.
Se Dilma Rousseff e sua trupe no PT não gostam de Marina, problema delas. Como Simone, Marina é um aval para o governo Lula bem maior do que essas jogadinhas políticas que não enxergam um palmo adiante no que está em jogo aqui e no planeta. É a mesma cegueira que teme dar um cargo com visibilidade para Simone Tebet com receio de sua concorrência nas eleições presidenciais em 2026.
É inacreditável que após anos de delírios e baboseiras no cercadinho de Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, Lula chegue ao poder com o PT exibindo maluquices semelhantes com tentativas de anular supostos concorrentes nas próximas eleições presidenciais, como Flávio Dino e Simone Tebet. Oxalá que as opções ao PT sejam desse naipe, e não a extrema direita que tá mordendo no calcanhar da democracia.
Nessa sexta-feira (23), Lula conversou com Simone e Marina e caiu na real. Elas que foram guerreiras na reta final das eleições são diferentes turma que inclui o MDB e o Centrão que briga por cargos. Elas têm projetos para o país. Cada uma no seu galho. Quem tem que cuidar do meio ambiente é Marina Silva. Simone se encaixa em outros ministérios desde que não seja apenas um emprego ou se torne marionete da galera do PT.
É preciso diferenciar. O que parece evidente é que o PT continua querendo ser hegemônico, sem dividir o poder real com aliados. O que eles ainda não entenderam é que uma expressiva parcela de votos úteis no primeiro turno e os imprescindíveis no segundo esperam não se arrepender. Para eles, Matina e Simone são avalistas.
Mas a palavra final é de Lula que, diante do quadro bem encrencado que tem pela frente, pode reverter o jogo e concluir a montagem do governo com um mínimo de cara de frente ampla.
A conferir.