Brasília celebra 35 anos como Patrimônio Cultural da Humanidade

Há 35 anos a capital do Brasil se tornou patrimônio mundial, mudando os parâmetros da UNESCO que pela primeira vez colocou na sua lista um patrimônio contemporâneo.

Brasília - Foto Renato Alves/Agência Brasília
Impactos de bombas na Segunda Guerra Mundial

Conflitos armados como as duas grandes guerras mundiais ou desastres naturais infligiram grandes perdas para a história humanidade. Se as tropas alemãs tivessem destruído todos os prédios de Paris, o que restaria para a nossa geração conhecer sobre o passado e a cultura francesa? Seria uma perda para o mundo. Infelizmente não são apenas os conflitos armados e os desastres naturais que ameaçam os bens culturais e ambientais, a ação humana – movida pela ignorância ou pela ganância-, também pode representar riscos.

Um Patrimônio Cultural da Humanidade é algo único, considerado valioso para o mundo. Quando um bem cultural ou ambiental entra na lista da UNESCO, o país pode contar com recursos administrados pela organização internacional para conservá-lo. Em risco, ele é incluído na Lista de Patrimônios Ameaçados e recebe atenção especial da organização, que conta com 190 países signatários que assinaram um acordo internacional se comprometendo a proteger os bens declarados.

Pirâmides do Egito

Ao entrar na lista dos patrimônios Culturais da Humanidade, no dia 07 de dezembro de 1987, Brasília conseguiu uma grande façanha: mudou os parâmetros da UNESCO, que antes só concedia o título a cidades ou monumentos com mais de um século de existência. Assim, nossa capital foi o primeiro bem cultural contemporâneo a entrar nessa lista. Hoje figura ao lado das Pirâmides do Egito; da Grande Muralha da China; das ruínas da Acrópole em Atenas, na Grécia; do Palácio e o Parque de Versalhes, na França; entre outros monumentos de importância histórica no mundo.

A capital do Brasil foi aceita na lista da UNESCO por ser única. A história da sua construção, que durou apenas mil dias, conta com um urbanismo e arquitetura arrojados, um marco do modernismo dos anos 50. Os desenhos de Niemeyer e as estruturas de Joaquim Cardoso não poderiam ser construídas “a rodo”, por qualquer.

Para qualquer engenheiro ou arquiteto morar em Brasília é um privilégio. As características principais das estruturas de concreto dos monumentos são: arrojo arquitetônico; rapidez de projeto e execução; grande escala do emprego de concreto aparente; pioneirismo das estruturas pré-moldadas de grande porte de concreto protendido (UNB, Plataforma Rodoviária e etc); grandes painéis com revestimentos de mármore e a qualidade admirável de projeto e execução dos monumentos.

José Aparecido, Lucio Costa, José Sarney e Oscar Niemeyer – Foto Arquivo Público Mineiro

Portanto, é preciso conhecer e valorizar Brasília. A cidade não é apenas dos brasilienses, mas de todos os brasileiros, um patrimônio do mundo. Receber o título de Patrimônio Cultural da Humanidade não pode ser vulgarizado. Precisa ser tratado com seriedade, visto  como algo que traz  benefícios para a cidade e sua população. Se perderemos, teremos grandes prejuízos.

Não podemos permitir que os governantes tratem Brasília como “uma penteadeira de cabaré”, como dizia o saudoso governador José Aparecido de Oliveira, um dos políticos que mais trabalhou para que a nossa capital se tornasse patrimônio mundial.

Catedral de Brasília. Foto Luís Tajes/Setur-DF

Se Brasília for descaracterizada ao longo dos anos por inconsequência do estado brasileiro, poderá, algum dia, entrar na lista de patrimônios mundiais em perigo. Seria um vexame internacional. Infelizmente, os governos estadual e federal não estão se preocupando em manter a conservação da nossa cidade de forma adequada.

A consequência mais imediata seria um grande prejuízo para a nossa imagem perante à comunidade internacional e para o turismo da nossa capital, que, infelizmente, tem sido muito mal gerido, atraindo poucos turistas.

Portanto, faz-se necessário que o governo do Distrito Federal desenvolva e implemente uma política de Educação Patrimonial ampla, que não se restrinja apenas a mudar o conteúdo disciplinar dos alunos da rede pública, mas, em formar multiplicadores dentro e fora da estrutura governamental. Além disso, é essencial que seja criado um órgão que cuide e fiscalize a preservação de Brasília, com técnicos de várias áreas afetas a conservação e preservação. Só assim teremos uma cidade bem cuidada e uma população consciente da importância de morar num Patrimônio Cultural da Humanidade.

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