Agência Brasília | Edição: Claudio Fernandes
Multicultural em sua natureza, o Espaço Cultural Renato Russo, que mantém em seu nome a homenagem a um dos maiores poetas do rock nacional, vai saudar a memória de três grandes artífices da arte brasiliense que morreram nos últimos dois anos: o poeta e ativista cultural TT Catalão (1949-2020), o fotógrafo Orlando Brito (1950-2022) e o teatrólogo Hugo Rodas (1939-2022).
Os três vão batizar, respectivamente, a Gibiteca, a Praça Central (ou Galeria Livre) e o Teatro Galpão. Somam-se, assim, a outros artistas celebrados, como o pintor Rubem Valentim (1922-1991), que denomina uma das galerias; o multiartista Marco Antônio Guimarães, o cineteatro; o ator Robson Graia, o teatro de bolso; e Ethel de Oliveira Dornas, a biblioteca.
“O Espaço Renato Russo está no coração de Brasília, na quadra modelo da 508/308 Sul, e ele traz, em sua gênese, essa inquietude da arte feita na capital federal para além do poder. É de fundamental importância que as futuras gerações entrem nesse território de todas as artes e vejam espelhadas as memórias desses três grandiosos artistas”, aponta o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.
O poeta, ativista e artista visual TT Catalão é o primeiro a ser homenageado. Nesta quinta-feira (21), ele batiza a Gibiteca, que volta a funcionar depois de nove anos sem atividade. TT Catalão tem uma intimidade com o Espaço Cultural Renato Russo, onde foi gestor entre os anos de 1993 e 1997.
Além disso, doou, nos primeiros tempos, seu valioso acervo de quadrinhos para que o espaço entrasse em funcionamento. Hoje, a Gibiteca TT Catalão tem 23 mil itens no acervo.
Na sequência, no mês de maio, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa fará uma cerimônia de duplo batismo. O Teatro Galpão se tornará Teatro Galpão Hugo Rodas, e a Praça Central, onde ocorrem frequentes exposições fotográficas, a Galeria Orlando Brito.
“Hugo e Orlando, dois mestres em suas linguagens, ocupam os territórios por pertencimento. O primeiro está na base da consolidação desse espaço cultural com peças antológicas, como Os Saltimbancos (1976); o segundo, por conjugar a fotografia jornalística com a arte, tornando-se um cronista do poder”, avalia o secretário.
Gerido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), o Espaço Cultural Renato Russo surgiu a partir de galpões da Novacap próximos às instalações da extinta Fundação Cultural, no quadrilátero da primeira unidade de vizinhança desenhada por Lúcio Costa – formada pelos edifícios no entorno da W3 a partir da 107/108 Sul, passando pela 308 Sul, W2 e 508 Sul.
Essa área foi descrita pelo poeta TT Catalão como o epicentro dos abalos sísmicos gerados na cidade por atores e atrizes, bailarinas e bailarinos, artistas visuais e da área musical, cineastas, produtores culturais e ex-diretores do complexo, incluindo experimentos do pessoal dos bastidores em iluminação, sonoplastia e outros ofícios.