Planalto quer se livrar de Cunha mas não tem coragem de trabalhar contra

Eduardo Cunha
Eduardo Cunha. Foto: Orlando Brito

Se depender da torcida, o deputado Eduardo Cunha já está cassado. Com o peso do impeachment de Dilma Rousseff sobre os ombros, os políticos e a mídia sabem que o clima vai piorar ainda mais se deixarem o ex-presidente da Câmara escapar na próxima semana, seja por ação, nos votos, ou omissão, com as ausências. Será jogar mais lenha na fogueira das ruas e dificultar ainda mais a virada de página que poderia trazer estabilidade na política e na economia.

O Planalto sabe muito bem disso, e, no fundo, silenciosa e discretamente, torce para se ver livre desse trambolho em que se transformou o aliado. Só que não pode trabalhar de forma ostensiva  contra Cunha, e nem de forma disfarçada, sob o risco dessa ação chegar ao conhecimento dele. Aí, sim, seria um Deus-nos-acuda. O ex-presidente da Câmara já tratou de plantar por aí uma série de ameaças, que não precisariam de delação premiada para vir a público, e apavoram quase todo o PMDB, inclusive o de Michel Temer.

É por isso que, entre a cruz e a caldeirinha, o Planalto e seus aliados mais próximos fazem cara de paisagem e hesitam em mover uma palha sequer contra Eduardo Cunha. Mas não ficarão tristes se a cassação vier da traição do grupo do próprio deputado, o Centrão.

Para Temer e companhia, a situação ideal é ver Cunha cassado, mas convencido de que o governo trabalhou por ele até o final. Como o deputado não é nenhum bobo e já percebeu isso, o jogo vai ficar pesado nos próximos três dias. Sua única chance hoje está na possibilidade de que menos de 400 deputados apareçam em Brasília na segunda, enfraquecendo o quorum e levando o presidente da Casa, Rodrigo Maia, a adiar a sessão para depois das eleições.

A terça-feira -já que a votação pode ser adiada para o dia seguinte – vai definir muito mais do que a punição de Cunha. Poderá ser um dia decisivo para os destinos do país.

PS- Acabo de postar está nota e me liga um amigo com trânsito no mercado: alta boataria sobre eventual delação de Cunha

 

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