Cercada de caixas, livros e CDs, a ex-presidente Dilma Rousseff está arrumando pessoalmente item por item de sua mudança para deixar em definitivo o Alvorada na tarde dessa terça-feira. Está fotografando e catalogando em seu IPad Mini cada peça valiosa, objetos e obras de arte, inclusive quadros.
A presidente tem dito aos interlocutores que não quer levar do Palácio, onde viveu quase seis anos, um alfinete sequer que não seja de sua legítima propriedade, e quer ter provas disso. Dilma, obviamente, não gostou do escândalo em torno do falso sumiço da faixa e do broche presidenciais, afinal encontrado embaixo de um armário.
Quem a tem visitado encontra uma Dilma surpreendentemente serena e bem humorada, com análise afiada dos fatos, mas sem demonstrar raiva ou ressentimento com as traições sofridas. Dilma está leve e acha que combateu o bom combate, que nem sempre resulta em vitória mas, ao longo do tempo, obtém o principal, que é o reconhecimento histórico.
A presidente não quer apressar-se com os planos futuros. Vai levar a mudança para Porto Alegre e passar alguns dias curtindo os netos Gabriel e Guilherme. Mas se prepara para morar parte do tempo no Rio, no apartamento de Ipanema, que é de sua mãe, D. Dilminha – que já deixou o Alvorada e está em Belo Horizonte. Foi, sim, convidada para dirigir a Fundação Perseu Abramo, do PT, e está ainda pensando se vai ou não.
Dilma não tem pressa, mas não parece, nem de longe, uma pessoa que vai sair de cena.