Faleceu ontem, dia 1º/06, em Brasília, aos 67 anos, depois de uma longa e árdua batalha contra a covid-19, o jornalista Ribamar Oliveira, colunista do Valor Econômico e referência ética para amigos e fontes. Uma perda inestimável para sua família e para o país.
Que falta vai fazer o Ribamar. Ninguém, se quisesse ficar por dentro do imbróglio que é a economia nesse país, poderia ficar sem ler a coluna do Riba no Valor Econômico. Profundo conhecedor das contas públicas, sabia traduzir, como poucos, os meandros do orçamento, os avanços e recuos da agenda econômica. E sempre com elegância e bom humor.
Era querido e admirado por todos, inclusive as fontes. Poucos dias atrás, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, começou uma entrevista coletiva falando dele. “Volta, Ribamar, fica bom logo, está fazendo falta”, declarou. O chamado do secretário só prova que Ribamar era um jornalista ímpar, um parâmetro dentro e fora do governo.
Conhecia a área fiscal mais do que muitos técnicos. Descobria coisas que ninguém mais via. E perguntava, inquiria, até descobrir tudo o que queria e fechar os pontos em aberto para fazer a sua análise e construir sua matéria. Apesar de incisivo, todos o recebiam, queriam falar com ele, dar explicações. Sabiam que era um jornalista sério, competente, ponderado.
Tive a felicidade de ter o Riba como amigo e chefe. Era o coordenador de Economia quando eu, foca, sem experiência alguma na área econômica, comecei a trabalhar em O Globo. Depois foi meu chefe no Estadão por muitos anos. Teve infinita paciência e boa vontade para comigo. Até chegou a me dar aulas básicas de economia para entender as notas do Banco Central e do Tesouro Nacional.
Riba, como todos nós o chamávamos, tinha uma frase que eu e a também jornalista Isabel Sobral gostamos de repetir sempre. Empolgada com o governo Fernando Henrique Cardoso e com os rumos que o país tomava então, acreditava piamente que o Brasil tinha achado seu caminho. Ledo engano, segundo o Ribamar.
“Não se preocupe, Vaninha. Esse país não vai dar certo”, dizia, taxativo. Segundo Ribamar, toda vez que começávamos a trilhar um caminho que poderia nos levar para algum lugar, algo acontecia e voltávamos à estaca zero. Até hoje ele está coberto de razão.
Como pessoa, como amigo, como jornalista, Ribamar Oliveira, o nosso Riba, vai nos fazer muita falta. Já está fazendo.