Bolsonaro desfila em passeatas por nossas grandes cidades mas não pode ter seu estilo comparado com manifestações semelhantes. Porque ele é grosseiro e seu interesse é o mero exibicionismo. Seus desfiles trazem provocação e receio, enquanto a chegada do rei Momo, como exemplo, alegra o povo brasileiro. Para ir nos blocos bolsonaristas é preciso ter motocicleta, jet sky ou cavalo, a depender da apresentação e do local. Para os desfiles de Momo, dos famosos carnavais, basta fantasia e pouca roupa. Para olimpíadas, trajes esportivos.
Preocupado com a perda de prestígio depois que Lula foi liberado e pode se candidatar, o capitão Mimimi organizou um programa bombástico de apresentações públicas. Acha que obteve grande sucesso em Brasília e no Rio foi “de arromba”. Atingiu os defensores da democracia e ousou, tendo sido há anos expulso do Exército, desrespeitar as rígidas normas militares. O general Coronavírus, ex-ministro da Saúde, discursou em palanque como se fora vereador de Nilópolis e gostou. Bolsonaro também. Quem não gostou foram os Ministros da Defesa e o Chefe do Comando do Exército. “E daí ? Da autoridade não abro mão”, disse Bolsonaro, como sempre.
Cerca de mil soldados da PM protegeram o trajeto das várias centenas de motoqueiros no Rio. A iniciativa está se consolidando. Haverá sempre infraestrutura de segurança, lanche, água gelada, energéticos, luvas para socar quem se mostrar crítico. A próxima grande passeata-comício será realizada em São Paulo, na grande Av. Paulista, onde se realizam os famosos desfiles do Gay Power, com liberalidade e poder de comunicação.
Os desfiles, passeatas, campanhas, como queiram seus promotores, serão ampliados até começar a fase eleitoral. Poderá haver ataques ao público dos fascistóides bolsonaristas e caça aos comunistas que eles acham ainda sobrevivem por aqui. A marcha de São Paulo será maior que a do Rio pois além das supermotos Harley, Honda, BMW liberaram a participação de lambretas, vespas, monaretas, bicicletas, patinete elétrico, tudo de duas rodas.
Enquanto isso mais brasileiros morrem de coronavírus ou fome, e os militares sendo empurrados para a política por Bolsonaro, com seu próprio exemplo: abaixo a máscara e o isolacionamento social. Mas a iniciativa acabará tornando-se peça promocional. É preciso dar utilidade e fazer mais pela pátria sofrida. Nas próximas passeatas, já decidido, cada motoqueiro distribuirá uma ou mais cestas básicas de alimentos aos moradores da Rocinha e outras favelas ao longo do percurso. Para ser entregue por cada um dos motoqueiros aos necessitados da favela.
Como a próxima passeata será em São Paulo, poderá ser lá também o início da distribuição de alimentos aos favelados. E não ser mais uma festa sem sentido, só buzinaços e gritarias. Os milhares que batem panelas nos apartamentos deverão doá-las também para o povo necessitado. Somando então a panela e a comida a ser nela feita. Em boa quantidade.
Cada passeata terá a oportunidade de fornecer cada vez mais alimentos e utensílios para os pobres, atenuando-lhes o sofrimento. Assim as passeatas terão alguma utilidade além de provocar barulho. E com pressa: até o Papa Francisco já está levando o Brasil na troça.
— José Fonseca Filho é jornalista