O Brasil vive, talvez desde sempre, uma espécie de balé do desencontro. Apenas para destacar as disfuncionalidades mais recentes, enquanto o mundo se mobilizava para enfrentar a pandemia, o presidente brasileiro, o tal do Jair, cultivava a morte, destratava a ciência, estimulava a disseminação do vírus aplaudindo aglomerações. O governo e sua trupe, dançaram e bordaram enquanto as mortes e as contaminações se espalhavam e se espalham país afora.
O atual ministro da Saúde, o intendente Pazuello, que virou síntese da incompetência da armada tupiniquim, no auge do seu delírio servil e difamante, desembarcou em Manaus onde pessoas morriam por falta de oxigênio e, emulando o capitão-cloroquina, bradou como solução que os enfermos tomassem cloroquina. É um assombro esta república!
E o mais grave: tudo isso sob o silêncio obsequioso das nossas instituições, supostos líderes políticos e partidários, batinas e pastores, acadêmicos, cientistas e médicos em geral. Pontualmente, muito pontualmente o STF dava um puxão de orelha no Jair. Raramente, mais do que raramente, o Congresso ensaiava conter algum delírio mais mortífero. Quanto ao resto, o capitão boçal e sua manada bovina se embeveciam com a expansão dos cemitérios!
Temos que reconhecer e destacar, entretanto, o papel e o elogiável desempenho do governador de São Paulo, João Dória, que, desde o início da pandemia, percorreu o caminho do bom senso e do respeito à ciência. O pouco de vacinas que temos, bem como sua rarefeita perspectiva, devemos ao governador paulista. É verdade também que, seguindo o exemplo de Dória, muitos governadores saíram à cata de vacinas nos quatro cantos do planeta. Mas, no melhor estilo Brasil profundo, não tiveram a coragem de se unir em torno da urgência do tema mobilizando o País e mostrando ao governo que a indiferença com a vida tem, ou teria, limites. Isso não aconteceu!
O cenário começou a mudar quando as mortes e o evidente desgoverno, sobretudo diante da dantesca situação de Manaus, passaram a ecoar na população de um modo geral. A nova realidade internacional com a eleição de Biden nos EUA ascendeu a luz amarela no meio empresarial. As pesquisas passaram a indicar uma queda significativa na imagem do governo e do Jair. O ruído do impeachment, ainda que não exatamente provável, acelerou a famosa e insone paranoia do capitão-cloroquina. O isolamento crescente do Brasil diante do mundo, parte pela pandemia, parte pelo crime ambiental oficial e parte pela postura indecente do capitão cloroquina jogou a última pitada de sal no tempero da preocupação crescente dos endinheirados do fazendão.
Foi diante desse indigesto caldeirão que a empresária Luiza Trajano – mulher admirável – anunciou para o País, na terça-feira, o movimento pró-vacina contra o covid-19. Dona do famoso e próspero Magazine Luiza, Trajano traz na sua lista para esse gigantesco desafio empresas como a Gol, a Volkswagen, a Suzano e a Whirlpool, dentre outras. E o mais importante: ao contrário da iniciativa recente de empresários que queriam comprar vacinas para, supostamente, imunizar os funcionários de suas empresas, agora a ideia é agilizar a compra, o transporte, a distribuição e a aprovação de imunizantes no País, mas sem a compra direta das vacinas. O apoio técnico da empresária Luiza Trajano, já assegurou que o Brasil tem meios e modos para vacinar entre 60 e 70% da população do País até setembro.
O grande capital brasileiro, liderado pelo sistema financeiro, já se assenhoreou das urgentes e necessárias políticas de preservação do meio ambiente. E disso o general Mourão, que faz as vezes de capitão do mato da Amazônia, já foi advertido e avisado. Governadores, senadores, deputados e alhures, estão fora da condução e definições da implantação da ESG – (Environemental, Social and Governance) na recuperação da economia brasileira e da economia mundial. Agora, uma nova presença empresarial se faz sentir: no controle, na agilização e na eficácia da imunização do País. Como é o nome disso?