A vocação do governo Bolsonaro de fazer humor negro com tragédias não tem limite. No momento em que a pandemia recrudesce no país e no mundo inteiro, o “pronunciamento” do general Eduardo Pazuello, obediente ministro da Saúde, no Palácio do Planalto, soou como piada de mau gosto. Ele usou e abusou da afirmação de que o Brasil é uma só nação – não como defesa de um sério programa nacional de vacinação, que não existe –, mas sim para dar uma covarde estocada no plano lançado em São Paulo que fura a paralisia imposta por Bolsonaro ao governo federal.
Com toda a sua disciplina, em que se submete à humilhação de ignorar a vacina que está sendo fabricada no Instituto Butantã – responsável por 50% de todas as vacinas no aplaudido Programa Nacional de Imunização –, Pazuello fala asneiras com cara séria. Depois de uma série de condicionantes à vacina chinesa produzida aqui em parceria com o Butantã, ele teve a cara de pau de dizer, em reunião virtual com governadores, que, “se houver demanda”, ela pode ser adquirida.
Se houver demanda, general? Que absurdo, ministro. Fala sério. Além da tal ojeriza à “vacina chinesa” teve uma implicância também à americana Pfizer pelo receio de seu impacto no código genético. Por incrível que pareça, foi esse o motivo nessa maluquice bolsonarista — e não a tal barreira da temperatura – que pôs o Brasil na rabeira na compra da primeira vacina a ser aplicada no Ocidente. General, tome tenência e saia dessa redoma!
Ou então peça o boné.
É o mínimo que se espera.
A conferir.