Volta e meia entro no debate, tremendamente enviesado e corroído pelas ideologias, sobre a igualdade de salários para homens e mulheres. Sei que é terreno minado pelo politicamente correto, coisa que jamais me impediu de expressar livremente meus pontos de vista – “duela a quien duela”, como já disse um certo presidente.
Pois bem, o assunto está na pauta da eleição presidencial, com a esquerda tentando carimbar na testa de todos os candidatos “da direita” a pecha de preconceituosos, misóginos, opressores etc. Alguns deles, aliás um deles, parece mesmo ser. Os demais acabam recebendo as balas perdidas do “patrulhismo” desvairado, que nunca, literalmente nunca, considera as razões à frente das emoções.
No caso que tratamos aqui, um desses candidatos propõe a adoção, no Brasil, de uma prática da Alemanha – onde uma lei assegura às funcionárias de uma empresa saber a média (vejam bem, a média) salarial paga a colegas em cargos semelhantes.
Muita gente acredita que cargos iguais devem, obrigatoriamente, significar salários iguais. Eu não sou uma dessas pessoas. Na iniciativa privada (porque no setor público não se pode apelar à razoabilidade…), o salário deve refletir a chamada produtividade marginal do trabalho (PmgL). É um conceito econômico consagrado, podem procurar por aí nas Wikipedias da vida. Ou, num gesto de ousadia, ler em algum livro…
Claro que existem mercados de trabalho com distorções e imperfeições, que desafiam a lógica de tal conceito. Mas, para isso, já existe (ênfase no já um extenso arcabouço legal que, neste quesito, assegura tratamento isonômico para os empregados independentemente de seu sexo. A própria CLT, aliás).
Na mesma empresa, pode-se ter contratados para um mesmo cargo pessoas com produtividades marginais do trabalho muito diferentes, não é verdade? Não só isso é possível como corriqueiro, aliás majoritário. Qualquer empresário adoraria ter um time de perfeitos funcionários, todos no nível AAA de excelência, mas a gente sabe que isso é ilusão.
Muita gente não entende que, no conceito citado, o fato de o salário refletir a produtividade marginal do trabalho não implica que esses proventos sejam determinados APENAS por isso. Do mesmo modo que a demanda por um bem ou serviço reflete seu preço, mas não esse preço não é determinado apenas pela demanda.
Sem resvalar na discriminação, tanto é possível, se ter o mesmo cargo e diferentes PmgL como PmgL equivalentes e salários distintos – justamente porque o salário não reflete apenas a tal produtividade marginal do trabalho.
Nesse cenário, tornar transparente a média salarial aplicada a cargos semelhantes dentro de uma empresa é ótima providência e não representa – como já imagino alguns liberais mais empedernidos gritando – uma interferência do Estado na iniciativa privada ou um empecilho à eficiência empresarial.
E chegamos à última variável dessa complicada equação sexo x salários x cargos, aquela variável que o pensamento progressista tanto resiste em aceitar: nós, humanos, somos muito diferentes mesmo. Tão diversos e diversificados que hoje já se fala em quase uma dezena de gêneros sexuais diferentes. E por sermos assim tão heterogêneos é muito natural que pessoas no mesmo cargo possam ter habilidades específicas diferenciadas, ambições variáveis, planos de carreira e comprometimento com o trabalho igualmente diversos.
Um homem pode muito pensar estar menos disposto aos sacrifícios diários da absoluta dedicação ao trabalho em prol de sua família, de seu hobby predileto, de sua comunidade… Assim como uma mulher pode muito bem não querer pautar toda a sua existência por essa condição. Isso certamente se refletirá na sua produtividade e a consequência mais justa e lógica disso é que a sua remuneração esteja de acordo.
Sobre esse mesmíssimo assunto, vale assistir a já icônica entrevista do psicólogo e pensador canadense Jordan Peterson ” à jornalista inglesa (e feminista convicta) Cathy Newman para o Channel 4. E passar vergonha alheia com a entrevistadora.