O peixe – apelido do senador do Podemos, Romário, anda cheirando mal. Nos gramados, onde mostrava serviço e ganhava taças, isso era relevado. Era só o cracaço marrento, que colecionava gols, namoradas e filhos – e que chegou a ser preso por não pagar pensão alimentícia a uma delas. Agora na política, rumo ao infinito e além, o contrassenso entre suas glórias com a camisa 11 e sua prática como cidadão é tão flagrante que merece uma reflexão. Por que votamos, quase no piloto automático, em ídolos – do esporte, da música, das artes – como se eles pudessem reproduzir na política seus talentos e glórias? O pavor de “políticos profissionais”, que criou a bancada dos famosos que prometem muito e não entregam nada, talvez explique isso. É o caso de Romário, o Tiririca do futebol, que pode até ser o próximo governador do Rio – ele lidera as intenções de voto seguido de perto por Eduardo Paes e Anthony Garotinho -, mas, se a campanha chegar a um segundo turno, como tudo indica, ele periga chegar de Uber para sua posse.
Colecionador de carros de luxo, o ex-craque da seleção e tremendo perna-de-pau na política, está vendo encolher, dia a dia, o milionário patrimônio que guarda em sua garagem, o último deles um Porsche Macan avaliado em R$ 350 mil, encontrado no condomínio de luxo onde o senador mora, na orla da Barra da Tijuca. A apreensão aconteceu na última terça, 14. O veículo, como fazem os espertalhões, está registrado em nome de Zoraidi de Souza Faria, irmã do senador. A Justiça, no entanto, sabe que o Porsche pertence de fato a Romário e que a documentação em nome da irmã é apenas uma conhecida artimanha para evitar perder bens para pagar dívidas com credores. No mês passado, outros dois carros já haviam sido apreendidos: um Audi RS6 Avant e um Peugeot Allure, avaliados em R$ 500 mil. A Justiça ainda busca um Hyundai Elantra, em nome de Zoraidi, e um Range Rover, registrado – pasmem – em nome da mãe do senador. Todos os veículos já estão penhorados, e a tendência é que os carros que já foram apreendidos sejam leiloados para amortizar o passivo com credores do senador – esta dívida gira em tomo de R$ 20 milhões, de acordo com documentos do processo.
Além dos carros, uma casa que Romário comprou por R$ 6,4 milhões, na Barra, também foi penhorada. O imóvel , fica em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca. Também foram penhorados R$ 4,8 milhões que Zoraidi de Souza Faria, irmã do senador e também ré no processo, mantém em um plano de previdência privada no Banco do Brasil. Neste mesmo processo, a Justiça também já penhorou uma lancha e levou dois apartamentos a leilão. Os imóveis foram comprados por R$ 2,8 milhões, e os recursos foram usados para abater a dívida do senador. É incrível como Romário acumulou patrimônio na mesma proporção em que fez dívidas, como se lei alguma importasse, e o negócio fosse levar vantagem em tudo – certo?