Nos últimos tempos, a expressão METAVERSO tem começado a aparecer com mais frequência nas notícias do dia-a-dia. Inicialmente entre aqueles mais interessados em Games. Logo depois naquelas noticias envolvendo Mark Zuckerberg e o FACEBOOK.
Zuckerberk diz que o futuro da Internet é o METAVERSO, resolveu investir 50 milhões de dólares pra começar e até definiu que o novo nome da holding que controla o FB, Instagram e Whatsappp será META!
Mas afinal, o que é Metaverso?
A expressão parece ter surgido em um conto de 1992, do escritor Neal Stepheson que criou o conceito de um Universo paralelo, só existente e visível para os óculos especiais do herói da história. Mas a ideia atual é bem maior do que essa. Alguns games já com 20 anos, como o “Second Life”, tentaram implementar um mundo similar a esse na internet, onde as pessoas poderiam ter um clone seu e viver em um ambiente paralelo (daí o nome second life).
Várias empresas estão pensando (e agindo) na direção do Metaverso. Google, Apple, Amazon, Microsoft, Roblox, Epic Games, e muitas outras já estão com projetos envolvendo as tecnologias que se cruzarão no Metaverso. Realidade Virtual e aumentada, Internet das coisas, Sensores e simuladores, vestíveis de todos os tipos, Inteligencia artificial, robótica, blockchain, clones e muito mais. Com o 5G e logo depois o 6G muita coisa que está no papel, vai virar realidade (ou Meta realidade).
Mas vamos parar de falar em tecnologias incompreensíveis e vamos ver na prática como isso poderia funcionar?
Começamos vestindo nossas roupas coladas no corpo como a de um mergulhador, só que bem leves e confortáveis, com óculos e capacete especiais e com sensores em cada centímetro do corpo. Entramos na sala ou quarto da nossa casa, especialmente recauchutados e preparados e subimos em algo como uma esteira de caminhada 360 graus.
E aí a vida (ou meta vida) explode!
Começamos entrando no METAVERSO num domingo e nos dirigindo ao Maracanã, onde está sendo realizado um jogo do Flamengo. Assistimos ao jogo (vitória do Mengão!) e na saída resolvemos que a partida do Lakers pela NBA em Los Angeles, que começa em 5min merece ser vista e seguimos pra lá com a velocidade do pensamento.
E depois do Lakers? Que tal um jantar em Paris? Aí você se encontra com sua esposa que estava no teatro em Times Square (na verdade ela está em Brasília) e com um casal de amigos (ele mora em São Paulo e ela em Buenos Aires) e se reúnem em um restaurante bem simpático ali bem perto do Arco do Triunfo. Pedem o cardápio e escolhem os melhores pratos.
Mas como saborear no Metaverso? Não tem problema. Em 30min, um drone na sua janela (e nas janelas dos outros 3) faz a entrega dos pratos pedidos. As redes internacionais de distribuição fazem o casamento do mundo real com o Metaverso.
Mas, vamos em frente!
No dia seguinte (a noite anterior foi ótima! Afinal os sensores estão em cada centímetro do corpo), uma segunda feira, vamos trabalhar. Reunião na Paulista em Sampa com toda a Diretoria no vigésimo andar. (cada um dos diretores está na verdade em uma cidade diferente em países diferentes, mas todos estão se vendo e conversando como se estivessem no mesmo recinto).
Depois da reunião, não posso perder aquela aula sensacional no MIT, junto com mais 320.000 alunos interessados naquele tema. Entre a reunião em Sampa e a aula em Boston, aproveitei pra fazer uma consulta geral com meu médico que estava naquele momento nas Bahamas. Ou seria em Cingapura?
Continuei as atividades encontrando com minha filha e netas dando beijos e abraços apertados e descendo em uma montanha russa na Disney. A “turkey leg” especial, vocês já sabem, veio por drone. Mais cedo as meninas tiveram aulas de “machine learning” no vale do silício e visitaram as pirâmides no Egito.
A semana foi bem cheia. Ainda teve um show de Paul McCartney em Milão, aliás, em dupla com John Lennon. Porque não? Foi um sucesso! Plateia com 60.000.000 de beatlemaniacos!
E então? Deu pra pensar e sonhar com o Metaverso?
Quase ia esquecendo: Tudo foi sendo pago com metamoedas aceitas em todo o Metaverso e fora dele também. Ficou mais claro? Tudo que você faz hoje na internet (buscas, pesquisas, compras, estudo, trabalho, conversas, jogos…) vai continuar fazendo dentro do Metaverso, só que “presencialmente”!
E os problemas do mundo real? Foram resolvidos? Só não serão se não quisermos. Não poderão mais existir problemas de educação e saúde. Os custos de comunicação e acesso ao Metaverso serão irrisórios. Produtividade total na agricultura e alimentação. Renda mínima garantida. Trabalho pesado só com as máquinas.
Certamente o Zuckerberg não pensou em tudo isso, mas nós temos que pensar.
E os limites? E as leis? E as fronteiras? E os impostos? E as empresas? E os governos? E os países? E o ar e a água?
E o mais importante: E as pessoas? Vão estar mais felizes? Ou seria Metafelizes?
— Paulo Milet. Formado em Matemática pela UnB e pós graduado em adm. pública pela FGV RJ – Pres. Conselho de Educação da ACRJ. Consultor e empresário nas áreas de Tecnologia, Gestão e EaD.