União monogâmica: o perigo do perfume!

O autor propõe banir os perfumes e deixar os feromônios se encontrar para permitir um amor mais frequente e natural entre os casais. Para ele, se o olfato perde as referências dos animais, substituindo-as pela cultura das grandes grifes da perfumaria, restará apenas o tesão de mercado.

A arara-vermelha é uma espécie monogâmica: quando forma um casal, a união é para sempre

O contrato não natural nos empurra para procedimentos racionais sob legítimos e necessários imperativos da reprodução social. O problema é sobrepor o critério civilizatório do Amor, de todo moralmente apropriado, ao instinto vital do animal chamado ser humano. Sobreposição sem o devido cuidado com a manutenção do que é da fêmea e do macho no seu mínimo instintivo.

O custo desse esquecimento da animalidade que precede a cultura propriamente dos humanos, é o do fomento dissimulado ou não da hipocrisia, do cinismo, de sofrimentos, de doenças, da deformação da prole e, sobretudo, do desperdício da sociabilidade em termos mais libertários e emancipatórios.

Como sair desse calabouço para o qual fomos convocados a celebrar como vontade de Deus? A fidelidade diante Dele não guarda correspondência evidente no dia-a-dia de casais. Muitos vivem como irmãos que se dão bem, ou não. Outros fazem de um terceiro uma forma de realizar (sublimar) desejos (o leque é amplo, do (a) amante às confrarias). Todos temos nossos jardins secretos. Repetindo. Como sair dos presídios que construímos para viver?

Poliamor

Questão complexa. Envolve filhos e a própria sobrevivência da sociedade. E o que dizer da representação de segurança que a família significa? O medo conduz à várias formas sociais. Respeito com as alternativas mais radicais. Elas existem, mas colocam mais problemas quando envolvem terceiros não totalmente incluídos. Swing? Poliamor? Há muitas vivências em curso, ainda um tanto clandestinas e, portanto, sem um balanço mais seguro sobre seus feitos positivos e perversos.

Penso em algo mais simples e mais conservador. Quartos separados para os caras-metades exigem um certo padrão social mais elevado e a coragem para explicar o fato à sogros, parentes e visitas. Feromônios são substâncias químicas secretadas por um indivíduo e que permitem a sua comunicação com outros indivíduos da mesma espécie. São produzidas para fora do corpo que, ao serem disseminadas, promovem determinadas reações dentre outros indivíduos de uma mesma espécie. Há nos tempos modernos uma guerrilha contra essa química natural.

Feromônios são substâncias produzidas e secretadas por um indivíduo

No caso de marido e mulher o assassinato dessa condição de possibilidade da atração natural, substituída por incontáveis outras formas de demonstrar desejo, é fato. O perfume é só um exemplo desse aerosol para matar o exalar dos cheiros que constituem o jogo da cópula. Eles não podem ser substituídos impunemente por outras trocas não biológicas, pois marcadológicas, de oferendas (presentes diversos) e de estímulos outros (do álcool e fantasias a estimulantes sexuais). Nem entro no custo de intermináveis terapias com tendência a se tornarem cultos no melhor formato analítico. Certa lacanagem é conhecida.

Quem sabe não usar mais o mesmo sabonete e toalhas? Banir os perfumes e deixar os feromônios se encontrar para permitir um amor mais frequente e natural? Dar um abaixo geral ao uso comum ou substituir sabonetes, shampoos, anti-transpirantes! etc.
Muitos casados se esquecem de que o odor natural é sinal de normalidade. Suor não é necessariamente um mal em si.

Vamos combinar, higiene pressuposta, vaginas e pênis cheiram vaginas e pênis, e não o perfume das flores da Polinésia. Se o olfato perde as referências dos animais e no caso do mamífero em questão, substituindo-as pela cultura das grandes grifes da perfumaria francesa, nada restará à tradição senão sucumbir ao tesão de mercado, falsificado e dependente de inúmeras compulsões e/ou compulsões.
Abaixo aos artificial. Acima o natural.

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